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Pedro Almodóvar, Ken Loach, Sofia Coppola, Richard Linklater... Estes grandes cineastas terão seus aguardados filmes ofuscados pela estréia mundial de "O código Da Vinci" (veja trailer) no 59º Festival de Cinema de Cannes, que começa esta quarta-feira. Alguém duvida?

Além da expectativa com o filme de Ron Howard estrelado por Tom Hanks e Audrey Tautou, espera-se uma forte reação de grupos católicos mais radicais, o que pode desencadear manifestações em toda a Croisette, avenida costeira onde estão localizados o palácio do festival e os principais hotéis da cidade.

Polêmicas à parte, o Globo Online mostra porque devemos ficar de olho em alguns filmes e seus diretores a partir de quarta-feira até 26 de maio:

VAI OU NÃO VAI? - Uma armadilha burocrática pode impedir Richard Kelly de comparecer ao festival, em que disputa Palma de Ouro com "Southland tales". Kelly teve seu passaporte classificado como "sob pesquisa" pelo governo dos EUA e é oficialmente suspeito de ligações com o terrorismo. Tudo por causa do nome. Existe um James Kelly na lista de procurados, mas é altamente improvável que seja a mesma pessoa. O filme do diretor se passa em uma Los Angeles futurista paralisada pela falência econômica e ambiental, e tem uma crítica velada às medidas de segurança tomadas pelo governo americano depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, por coincidência.

WALTER SALLES - "Paris je t'aime", longa coletivo do qual Walter Salles participa com um curta-metragem, vai abrir a mostra Un Certain Regard dia 18 de maio. O filme reúne uma série de curtas de cinco minutos sobre bairros de Paris, dirigidos por nomes de prestígio do cenário cinematográfico internacional, como Gus Van Sant, Alfonso Cuarón e os irmãos Coen.

MAIS BRASIL - O longa-metragem "Sonhos de peixe", de Kirill Mikhanovsky, e o curta "Alguma coisa assim", de Esmir Filho, serão exibidos na Semana da Crítica. "Sonhos de peixe" é o primeiro longa-metragem de Kirill Mikhanovsky, russo emigrado para os Estados Unidos e que adotou o Brasil para trabalhar. O filme, que se passa no Nordeste, é uma co-produção Brasil-Estados Unidos. Apenas dois curtas-metragens brasileiros foram selecionados este ano. Eduardo Valente, já premiado em Cannes com seu curta "Um sol alaranjado", compete com "O monstro". O paulista Bruno Jorge participa da mostra paralela, a Cinéfondation, com "Justiça ao insulto".

OLIVER STONE - O polêmico realizador americano vai à Croisette lançar uma versão remasterizada de seu maior sucesso na direção: "Platoon" (1986), que completa este ano seu 20º aniversário. Stone prometeu levar o elenco que participou daquele seu autobiográfico mergulho na Guerra do Vietnã: entre eles, Charlie Sheen, Tom Berenger e Willem Dafoe. O filme será exibido na seção Cannes Classics. Mas Stone vai aproveitar para falar também de "As torres gêmeas", seu longa inédito sobre o 11 de setembro.

ANIMAÇÕES PICANTES- Violência, sexo e drogas são o fio-condutor de longas-metragens de animação, do anglo-norueguês "Free Jimmy", de Christopher Nielsen, ao dinamarquês "Princess", de Anders Morgenthaler, além do americano "A scanner darkly" ("O homem duplo"), de Richard Linklater. Teremos de elefante doidão a Keanu Reeves, Robert Downey Jr. e Winona Ryder, celebridades com um notório passado de envolvimento com as drogas, transformados em desenhos.

DRAMAS POLÍTICOS - O britânico Ken Loach vai mostrar em "The wind that shakes the Barley" a luta dos irlandeses pela independência. A americana Sofia Coppola exibe sua adaptação da biografia de Maria Antonieta, tratada como a maior vítima da Revolução Francesa, escrita por Antonia Frazer. Já Richard Linklater mostra em "Fast food nation" o estudo pop-sociológico sobre a dieta americana defendida por Eric Schlosser. Cinema para pensar.

POLÊMICA - O diretor italiano Nani Moretti apresenta "Il caimano", uma sátira do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi.

A VOLTA DE ALMODÓVAR - O cineasta espanhol, Pedro Almodóvar, concorre à Palma de Ouro com seu "Volver". O filme trata, segundo o próprio realizador, de "muitas voltas". "Voltei um pouco à comédia e ao universo feminino. Voltei a trabalhar com Carmen Maura após 17 anos. E também com Penélope Cruz, Lola Dueñas e Chus Lampreave. Voltei também ao tema da maternidade, como origem da vida e da ficção. E, naturalmente, voltei à minha mãe, porque voltar a La Mancha (onde o filme foi filmado) é como voltar ao seio materno".

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