No Tempo das Diligências
Fumar na chuva dá mais trabalhoDo que apagar teu cigarroNunca me afasto do extremoO trem não acabou de passarEu já digo que é pequenoTenho no bolso o cartazDe sua cabeça a prêmio
No tempo das diligênciasEm direção à fronteiraOutra chuva de areia
O Homem de Ferro
Êxtase sob dureza!Voltemos à idade do ferro!Ferro! Sobre ferro!Não haverá terra pra suportar o que peso!
Morte lenta a quem enferruja!Abelhas dentro da armadura!Merece chumbo a cultura!Um homem se conhece pelo tamanho da ferradura!
Não haverá mais remédios!Os belos serão os bélicos!Elmos no lugar de cérebros!O ferro-velho tomará os cemitérios!
Síndrome de D. Juan
Ele te olha de ladoVocê o olha da esquinaNo seu olhar uma cismaNo dele muito pouco caso
De repente se aproximaCom o freio-de-mão puxadoE vai apertando o passoEnquanto sobe a adrenalina
Você vai se sentir mais bonitaEle vai perceber no atoÉ quando Don Juan já não despistaParte para o contato imediato
Mas se no dia seguinte você ligaOuve uma voz do outro ladoEle saiu com uma cara esquisitaE não deixou nenhum recado
O Dono da Farra
Meu coração é só uma bomba de sangueMas como todo motor,Um dia entra em pane.
Mesmo a paixão um dia se recusaE como em todo o amor,Um dia o sangue suja.
Meu coração não funciona direitoMas como todo bom ator,Ventríloquo que fala de amorDubla a batida do peito.
Estúpida máquina falsária!Pode ser a dona da farra,Mas seja como for,Um dia o pulso pára.
Tristes Homens Azuis
Não é blues, tristes, não é mesmoA tristeza não faz um homem azulO banco é branco, o negro é negroNinguém é triste, não há bluesSó existem, tristes, os tristes homens azuis
Eles se vestem de branco e de negroE os outros vêem azulPorque não são brancos nem negrosOs tristes homens azuis
Ninguém nasce azulNão se põe no mundoAlguém azulMas quando a noite baixaSe levantamOs tristes homens azuis