A aceitação da morte, a memória de lugares da infância, a tradição da região espanhola de La Mancha e a solidão feminina. Pedro Almodóvar reúne todos esses ingredientes em "Volver", seu longa-metragem mais recente, apresentado à imprensa na última segunda-feira em Madri.
- Vejo a morte com menos estranheza - assegurou o diretor aos jornalistas. - Me atrevo a olhá-la cara a cara com mais serenidade do que há um ano.
Ele estava acompanhado por um elenco 100% feminino, incluindo Penélope Cruz e Carmen Maura, atriz que ficou famosa por trabalhar nos primeiros filmes de Almodóvar e que volta à parceria depois de um hiato de 17 anos.
- Fiquei mais frágil se comparado ao início do projeto (...) Havia uma zona de minha vida que estava mais rígida e que depois deste longa ficou um pouco relaxada - disse.
Blanca Portillo, Lola Dueñas, Chus Lampreave e a jovem Yohana Cobo completam o elenco de "Volver", que marca o retorno de Almodóvar, nascido em Calzada de Calatrava, aos ambientes de sua infância em La Mancha, aos pátios e cemitérios.
- Quem volta não é um diretor aclamado internacionalmente e sim um menino - confessou o cineasta, ganhador de dois Oscar por "Tudo sobre minha mãe" na categoria filme estrangeiro em 2000 e, dois anos depois, por "Fale com ela", por melhor roteiro original.
"Volver" tem estréia na Espanha marcada para 17 de março.
Para Penélope Cruz, a personagem de Raimunda, uma mulher lutadora e mãe de uma adolescente, exigiu muito mais do que os papéis que lhe são oferecidos nos Estados Unidos.
- Tenho 15 ou 16 anos trabalhando na Europa e cinco ou seis nos Estados Unidos. Os personagens que me oferecem aqui são mais exigentes em todos os níveis - destacou a atriz madrilenha.
Depois de 17 anos, Maura, que foi a musa do início da carreira de Almodóvar e protagonista de "Que fiz para merecer isso?" e "Mulher à beira de um ataque de nervos", volta a trabalhar com o diretor.
- O cineasta é o mesmo, e a pessoa um pouco diferente, mas com o mesmo humor - disse.
Frente à possibilidade de "Volver" competir no Festival de Cinema de Cannes, que acontece em maio, Almodóvar pediu paciência até o anúncio oficial, apesar de garantir que os selecionadores haviam visto e gostado do trabalho.
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