Siviero conta que escolheu o “Concerto para Piano, Op. 54”, de Schumann, inspirado pela história de amor entre o compositor e a esposa, Clara.| Foto: Divulgação

A orquestra de câmara holandesa Sinfonia Rotterdam, liderada pelo maestro Conrad van Alphen, se apresenta no Guairão nesta terça-feira (23), às 21 horas, com o pianista brasileiro Alvaro Siviero.

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O concerto é beneficente e terá a renda revertida para o programa social “De Bem com Você – a Beleza Contra o Câncer”, promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), que reúne empresas como Natura, Grupo Boticário, L’Oréal, Unilever, P&G, Johnson & Johnson e Colgate-Palmolive. O projeto ensina técnicas de automaquiagem e dicas de beleza a mulheres em tratamento contra o câncer.

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“Parceria artística foi inevitável”, afirma pianista

Alvaro Siviero conheceu a orquestra em uma das passagens do grupo pelo Brasil. O pianista fez uma turnê com os músicos pela Holanda em 2014

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Em entrevista à Gazeta do Povo, Alvaro Siviero conta que ele e a orquestra holandesa se inspiraram no projeto para definir o programa do espetáculo. E que, ao escolher peças como o “Concerto para Piano, Op. 54”, de Schumann, procurou aprofundar o conceito, ligando-o ao amor – “uma das manifestações da beleza”.

“A beleza de uma pessoa não é a do batom, do pó de arroz, de acessórios que podem maquiar imperfeições físicas, mas sim a beleza de um olhar, de um sorriso, do conteúdo que uma pessoa traz no coração”, diz o músico. “Robert Schumann [1810- 1856] amava desesperadamente a esposa, Clara Schumann [1819-1896], que era uma grande pianista. Ele faleceu jovem, em um manicômio, e a esposa, depois de sua morte, se dedicou a usar sua carreira de concertista para divulgar a obra do marido. Quer amor mais bonito que esse?”

Projeto

O programa “De Bem com Você” é coordenado no Brasil pela ABIHPEC em associação com o programa americano Look Good Feel Better, criado nos anos 80. A ideia é dar dicas de beleza para mulheres com câncer buscando minimizar efeitos colaterais de tratamentos como a quimioterapia.

Siviero conta que sua abordagem do concerto de Schumann será totalmente diferente das vezes anteriores em que tocou a peça – uma delas também em um concerto beneficente em prol dos autistas no Guairão, em 2012, com a Orquestra Acadêmica de Madrid.

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A beleza de uma pessoa não é a do batom, do pó de arroz, de acessórios que podem maquiar imperfeições físicas, mas sim a beleza de um olhar, de um sorriso, do conteúdo que uma pessoa traz no coração.

Alvaro Siviero, pianista

Ele conta ter abandonado pequenas mudanças em relação à partitura que acabaram ficando convencionadas ao longo das interpretações da peça na história. “Quero provocar uma releitura na obra desde o primeiro compasso. Os que conhecem o concerto vão assistir a outro Schumann”, promete Siviero. “O maestro disse que eu estaria provocando uma revolução neste concerto. E eu respondi que essa era a ideia de toda a turnê: provocar uma revolução através da música e da beleza. As pessoas precisam da beleza”, diz o músico, evocando Dostoiévski (1821-1881): “a beleza salvará o mundo”.

De acordo com o músico, cada nota que tocar no concerto de terça será carregada de todo esse significado. “Para mim, tocar piano é traduzir o que é a vida. Estou convencido disso. O bom pianista é aquele que consegue materializar e fazer essa tradução”, reflete. “Tocar não é apertar teclas. É passar uma mensagem.”

Sinfonia Rotterdam e Alvaro Siviero

Com Conrad van Alphen (regência) e Alvaro Siviero (piano). Programa: Abertura de “La Scala di Seta”, de Rossini; Concerto para Piano, Op. 54, de Schumann; e Sinfonia N.º40, de Mozart. Guairão (R. Conselheiro Laurindo, s/nº – Centro), (41) 3304-7982. Dia 23, às 21 horas. R$ 56 (inteira) e R$ 31 (meia-entrada). Mais informações no Guia.

Outras duas obras serão tocadas pela Sinfonia Rotterdam, que é especializada no repertório do período Clássico: a abertura da farsa cômica “La Scala di Seta”, de Gioachino Rossini (1792-1868), na abertura do programa; e a Sinfonia N.º40”, de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791).

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“Um dos grandes desafios de um concerto é a conectividade. Você tem que criar conexão. A Sinfonia Rotterdam tem um repertório vastíssimo também no terreno do modernismo, obras até herméticas para pessoas que não foram introduzidas a essa música. Mas tomamos a decisão de não abordar, porque estamos querendo criar um momento de reflexão, de contato com a beleza”, explica Siviero. “Então escolhemos Mozart e Rossini, que resgatam esse aspecto do lirismo.”