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Números

O turbilhão da Amazon:

150 mil títulos

É o volume de livros em português que estará à venda pela Amazon. A Livraria Cultura tem 250 mil.

R$ 69 em compras

É o valor mínimo exigido para frete grátis em todo o território nacional, segundo a empresa.

13 mil títulos

Terão 10% do conteúdo disponível em e-book enquanto o livro físico não chega ao consumidor.

35 mil e-books

É o que o catálogo da Amazon tem hoje no Brasil. No início (dezembro/2012) eram 13 mil.

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Presente no Brasil desde dezembro de 2012, onde comercializava exclusivamente e-books, a Amazon começou a vender livros físicos no país desde a última quinta-feira, 21. Gigante do comércio on-line e alvo de polêmicas com livrarias, editoras e até autores em alguns países, a empresa começou com um catálogo de 150 mil títulos em língua portuguesa, incluindo obras de todos os gêneros, de autores nacionais e traduções. O anúncio foi feito na manhã de quarta-feira por Alex Szapiro, o Country Manager da empresa no Brasil.

A empresa americana – que se firmou por sua estratégia agressiva de preços, catálogo e distribuição – não divulga dados sobre faturamento, número de clientes ou média de consumo de seus compradores. Limita-se a informar que, desde sua chegada ao Brasil, vendeu milhões de livros. Segundo Szapiro, a Amazon se surpreendeu com o leitor brasileiro.

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"Antes de entrar no mercado de impressos, quisemos entender o consumidor. A estratégia foi coerente. Não temos a crença de que o brasileiro não lê. Ao contrário. Para nós, o brasileiro se revelou um público apaixonado pela leitura", conta Szapiro.

A notícia foi considerada "preocupante" pela Associação Nacional de Livrarias (ANL), que representa cerca de 900 associados, de um total das 3.095 livrarias do país. Segundo o presidente da entidade, Ednilson Xavier, a entrada da Amazon no mercado de livros físicos pode ameaçar, sobretudo, as grandes e médias livrarias. As pequenas, ele diz, ainda mantêm uma relação com o bairro, atuando quase como centros culturais.

"A entrada da Amazon no mercado brasileiro, no entanto, reflete toda uma demanda reprimida: o Brasil carece de livrarias, ainda temos índices de leitura baixíssimos", pondera Xavier. "Espero que, de certa forma, isso possa contribuir para melhorar a situação."

"É bom tomar cuidado"

Dados divulgados pela entidade no início da semana mostram que o número de lojas por habitante no Brasil corresponde a 1/10 da média de países desenvolvidos. Em território nacional, a média é de uma livraria para cada 64.954 habitantes.

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"O problema é que a Amazon é tão eficiente que tende a se tornar um monopólio e virar um tubarão no mercado. No médio e longo prazo, é bom tomar cuidado para que não vire um monopólio. No curto prazo, é excelente", analisa Carlo Carrenho, fundador do site PublishNews, especializado em notícias do mercado editorial.

Para entrar no mercado de impressos com uma catálogo vasto e diversificado, a Amazon negociou com grandes, pequenas e médias editoras. Roberta Machado, diretora comercial do Grupo Record, acredita que a nova experiência de consumo pode trazer mais estímulo à leitura e à bibliodiversidade. Para Frederico Indiani, diretor comercial da Cosac Naify, abre-se um canal importante para a comercialização dos títulos da editora, o que deve ampliar o acesso do público às obras da casa.

Com um catálogo de 250 mil títulos impressos em língua portuguesa e de quase 30 mil e-books, a Livraria Cultura já tinha a Amazon como sua principal concorrente, uma vez que também comercializa grande volume de livros importados.

"Agora, essa concorrência torna-se mais clara. Vamos trabalhar nas mesmas condições, seguindo as mesmas regras, condições logísticas e tributação", avalia Jonas Ferreira, diretor de negócios digitais da Cultura.

Para Carrenho, a chegada da Amazon vai sacudir o setor. "O mercado brasileiro ainda é muito ineficiente em logística e infraestrutura. Tem um custo muito alto de entrega, os processos da cadeia do livro são complicados e caros. A Amazon vai subir o sarrafo um pouquinho, vai exigir mais eficiência."

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