O roteirista Charlie Kaufman é o gênio por trás dos filmes Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004) e Adaptação (2002). Suas histórias são tão suas e tão originais que, com frequência, a referência que se faz é sempre a um filme "do Charlie Kaufman, dirigido por Michel Gondry ou Spike Jonze".
Para simplificar os créditos, Kaufman decidiu estrear na direção com um roteiro próprio e o resultado, Sinédoque, Nova York, entra em cartaz nesta sexta-feira somente no Cineplex Batel.
A história é de uma ambição sem tamanho, refletida no trabalho do protagonista Caden Cotard, vivido por Philip Seymour Hoffman. Ele é um diretor de teatro que almeja montar uma peça capaz de abarcar a vida em todas as suas facetas. A montagem ocupa um galpão e vai ganhando cenários e personagens cada vez mais elaborados e próximos da realidade vivida por Caden.
Assim, de uma hora para outra, surge na peça de Caden um dramaturgo que é ele mesmo, montando uma peça que tenta retratar a vida como ela é. Mais para o fim, um terceiro Caden aparece é quando Kaufman radicaliza o recurso de criar uma ficção dentro de outra.
Procurando ser o mais fiel que pode à vida, Caden se envolve com a criação na peça e fica cego para todo o resto o que inclui a mulher artista plástica e a filha. As duas viajam à Alemanha e não voltam mais.
Mais rápido do que consegue processar, o dramaturgo experimenta a sensação de viver uma realidade estranha, em que os anos passam voando e o seu corpo definha com dores e doenças. O problema é que essa realidade estranha é a sua vida.
Como roteirista, Charlie Kaufman continua genial. A quantidade de ideias que o filme despeja renderia uma dúzia de histórias interessantes. Já como diretor, talvez pela inexperiência, Kaufman não faz jus ao seu roteiro. GGG
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