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Polícia italiana investiga relatos de que a máfia de Nápoles planeja executar Roberto Saviano (foto de arquivo), autor do best-seller "Gomorra” | ALESSANDRO BIANCHI/REUTERS
Polícia italiana investiga relatos de que a máfia de Nápoles planeja executar Roberto Saviano (foto de arquivo), autor do best-seller "Gomorra”| Foto: ALESSANDRO BIANCHI/REUTERS

O escritor italiano Roberto Saviano, autor do best-seller "Gomorra", sobre a máfia de Nápoles e que acaba de ganhar uma versão para o cinema, quer deixar a Itália para tentar levar uma vida mais normal, depois de ouvir que a máfia o quer ver morto até o Natal.

Depois de relatos de que a Camorra, como é conhecida a máfia napolitana, acrescentou caráter de urgência a sua ameaça de matar o escritor, Saviano, de 29 anos e que há dois anos vive na clandestinidade, disse que está cansado de ser prisioneiro do sucesso de seu livro.

"Vou deixar a Itália, pelo menos por algum tempo, e depois verei", disse ele ao jornal La Repubblica.

"No momento não vejo porque eu deva continuar a viver assim, prisioneiro de mim mesmo, de meu livro, de meu sucesso. Dane-se o sucesso. Quero uma vida, só isso", disse Saviano.

"Quero poder andar na rua, tomar sol, andar na chuva, visitar minha mãe sem assustá-la e sem sentir medo."

Lançado em 2006 e narrado por um garoto local que viu sua primeira vítima de um assassinato ainda aos 13 anos, o livro mostra como a Camorra domina a vida em Nápoles e ganha seu dinheiro. A obra já vendeu 1,2 milhão de cópias na Itália e foi traduzido para 42 línguas.

Saviano trabalhou em uma empresa têxtil e outra de construção controladas pela máfia para pesquisar seu livro, que relata o envolvimento da Camorra em esquemas de proteção, tráfico de drogas, contrabando e até mesmo coleta ilegal de lixo.

Agora que "Gomorra" chegou ao cinema e é candidato ao Oscar, consta que a Camorra está ainda mais furiosa e quer matar Saviano até o fim do ano.

A polícia de Nápoles disse que está checando a veracidade dos relatos, e políticos diversos, começando pelo próprio presidente Giorgio Napolitano, comentaram sobre a necessidade de proteger a vida de Saviano.

Separado de seus amigos e familiares e transferido de um quartel policial a outro para evitar tentativas de assassinato, o escritor perguntou: "Qual foi meu crime? Por que tenho que viver como recluso, como leproso, escondido da vida, do mundo e dos outros homens?".

"Eu só quis contar a história de meu povo, minha terra e sua humilhação", disse ele, vociferando contra o chefe do notório clã Casalesi da Camorra, Francesco Schiavone (apelidado de Sandokan, nome de um pirata fictício), que está cumprindo pena de prisão perpétua.

Um informante da polícia disse que é o clã Casalesi, de Casal di Principe, perto de Nápoles, onde Saviano passou sua infância, que quer assassinar o escritor o quanto antes.

Por razões óbvias, Saviano não deu pistas sobre onde vai tentar reconstruir sua vida, dizendo apenas que em 2006, quando primeiro foi obrigado a se esconder, ele rejeitou conselhos de mudar-se para Nova York. "Permaneci aqui, mas por quanto tempo vou poder continuar a carregar esta cruz?"

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