Alejandro recebe em mãos o certificado do Guinnes Book| Foto: Divulgação

Esqueça tudo que você sabe sobre maratonas de TV. Alejandro “AJ” Fragoso te põe no chinelo. Ele põe todo mundo no chinelo, na verdade: ele acabou de quebrar o recorde de maior tempo assistindo TV sem parar.

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Na sexta-feira passada(08), Fragoso se enfurnou em um apartamento de Manhattan com outras duas pessoas e várias testemunhas para começar o que se tornaria uma tentativa de fazer história com quase quatro dias de duração. Ao final, seus pares na busca pelo recorde desistiram e somente Fragoso superou a provação de 94 horas, quebrando um recorde do Guinness estabelecido apenas um mês antes.

Tenhamos pena pelos pobres austríacos que assistiram 92 horas de TV em março apenas para serem destronados semanas depois.

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A lista de Fragoso incluiu episódios de “Battlestar Galactica”, “Além da Imaginação”, “Curb Your Enthusiasm” e “Bob’s Burgers”, entre outros seriados.

Experiência torturante

Parte de uma jogada de marketing da fabricante de softwares CyberLink – que inseriu referências ao seu software repetidas vezes em anúncios do evento – a experiência foi torturante, disse Fragoso.

“Por volta do segundo dia começamos a ter pequenas alucinações. Começamos a ver palavras na tela que não estavam lá”, ele disse à estação de TV local WPIX. “Você esquece que existe um mundo lá fora e a essa altura você está aprisionado nessa minúscula sala.”

Os participantes tinham direito a cinco minutos de descanso a cada hora de TV que assistissem, um representante do Guiness disse. Isso de acordo com um vídeo gravado pelo site Tech Insider, que estava no local durante a tentativa de quebrar o recorde.

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Em entrevistas concedidas em vídeo ao site, Fragoso disse que por momentos estava sonhando acordado.

Dores no estômago

Molly Ennis, uma das duas pessoas que se juntaram a ele na empreitada, disse que experimentou dores de estômago.

“Sinto-me terrível. Acho que ambos estamos tendo dores de estômago”, disse no vídeo.

Ela também descreveu jocosamente sua frustração com as testemunhas do evento, as quais observavam o grupo e tomavam notas com base em suas reações. De acordo com o vídeo, Ennis foi desqualificada após cerca de 60 minutos quando quebrou contato visual com a TV para conferir o telefone de Fragoso, que estava tocando. No momento, Fragoso estava tirando uma soneca durante um dos seus intervalos.

“Estou um pouco chateada”, ela disse no vídeo. Ennis permaneceu no sofá para oferecer apoio emocional para Fragoso.

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Fragoso e Ennis foram acompanhados de Louise Matsakis, membro do conselho editorial da Motherboard, canal de tecnologia da revista Vice.

Eis como ela descreveu sua experiência:

“Ao final do dia, meus olhos doíam de olhar para a TV, e eu estava de péssimo humor. Assistir a todos aqueles episódios, especialmente a cenas em que os personagens estavam se dando bem uns com os outros, fez eu me sentir solitária e isolada. Na reta final, cenas de humor não conseguiam provocar qualquer reação em mim.

A emoção mais avassaladora que senti, contudo, foi entorpecimento. Não sentia nada.”

Com tudo isso, ela desistiu depois de apenas 10 horas.

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Alucinações

Um médico estava presente e conduziu uma avaliação física antes e depois do evento. Ao final, ele verificou que Fragoso apresentava uma frequência cardíaca elevada e efeitos colaterais neurológicos, inclusive “microcochilos” involuntários de olhos abertos e sérias alucinações.

O médico – Robert Glatter, professor na Escola de Medicina Northwell Hofstra – afirmou que a dieta mediterrânea de Fragoso e seus frequentes alongamentos ajudaram o jovem de 25 anos a combater a fadiga e manter seu nível glicêmico estável.

Um estudo realizado ao longo de 25 anos publicado no final do ano passado na revista científica JAMA Psychiatry concluiu que assistir televisão entre jovens adultos pode afetar as funções cognitivas décadas mais tarde.

Pesquisadores pediram que mais de 3,2 mil pessoas entre as idades de 18 e 30 anos tomassem notas de seus hábitos de assistir televisão e de seus níveis de atividade física e então as acompanharam em intervalos de 5, 10, 15, 20 e 25 anos. Ao final, eles realizaram três testes cognitivos com cada uma das pessoas.

“Depois de ajustar para idade, raça, sexo, nível educacional, uso de tabaco e álcool, índice de massa corporal e outros fatores, os pesquisadores concluíram que os participantes que assistiam muita televisão e faziam pouca atividade física tinham o dobro da probabilidade de terem uma performance ruim – definida como um desvio padrão abaixo média – nos dois primeiros testes”, relatou o “Washington Post” à época.

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