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O Dragão fala de quatro personagens envolvidas no conflito israelo-palestino | Fernanda Ramos/Divulgação
O Dragão fala de quatro personagens envolvidas no conflito israelo-palestino| Foto: Fernanda Ramos/Divulgação

É estranho que um grupo opte por montar peças com o tema da guerra num momento em que o realismo é exceção e as companhias fogem do teatro panfletário. Que dirá uma trilogia abordando diferentes conflitos espalhados pelo planeta. Mas a Cia. Amok, do Rio de Janeiro, não teve como escapar do assunto, que lhe fisgou pelo estômago em 2006 durante o Encontro Mundial de Artes Cênicas de Belo Horizonte. O tema era "o teatro em tempo de guerra", e foram convidados artistas do Irã, do Iraque, da Sérvia e das favelas do Rio e de São Paulo.

"Foi forte, arrebatador. A ponto de ter repercussão sobre nosso desejo de montagem", relembrou, em conversa com a reportagem, o francês Stephane Brodt, casado com a brasileira Ana Teixeira, com quem dirige a companhia.

Dois anos depois, eles estreavam O Dragão, sobre o conflito israelo-palestino, em cartaz hoje no festival Palco Giratório, no Teatro Sesc da Esquina. A partir de fatos e depoimentos reais, o grupo mostra quatro personagens – dois de cada lado da fronteira –, e a humanidade que os torna semelhantes.

No ano seguinte, estreou Kabul, que será apresentada amanhã. A peça revela quatro faces da guerra no Afeganistão, com destaque para a brutalidade destinada pelo regime taleban às mulheres. A inspiração veio em parte do livro As Andorinhas de Cabul, do argelino Yasmina Khadra, e ainda após tomarem conhecimento de uma execução pública num estádio afegão, quando uma mulher foi morta, em 1999.

A trilogia se encerra no ano que vem, com uma peça sobre crianças na guerra da Sérvia, nos anos 90. A ligação entre as partes é o ponto de vista de mulheres e crianças. "Muitas vezes elas são as primeiras vítimas, mas as esposas e mães também são as primeiras a ousar desafiar guerras e ditaduras", diz Brodt, dando como exemplo o ativismo das mães e avós da Praça de Maio, em Buenos Aires.

Em cada etapa da trilogia, o grupo procurou recursos cênicos diversos. "Dedicamos um ano para cada montagem, de forma a poder pesquisar linguagem", conta Brodt. A companhia se volta para um tema atual e mordaz, sem deixar de lado a experimentação.

Serviço:

O Dragão. Teatro Sesc da Esquina (R. Visc. do Rio Branco, 969), (41) 3304-2222. Dia 10, às 20 horas. R$ 10 e R$ 5 (meia). Comerciários não pagam. Kabul. Amanhã, no mesmo local e horário. Classificação indicativa: 14 anos.

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