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Roberto Bomtempo, conhecido por seus trabalhos para a televisão, encarna Chekhov nesta montagem contemporânea | Guga Melgar/Divulgação
Roberto Bomtempo, conhecido por seus trabalhos para a televisão, encarna Chekhov nesta montagem contemporânea| Foto: Guga Melgar/Divulgação

Assim como acontece com Shakespeare, a vida de Anton Chekhov desperta quase tanto interesse quan­­­to suas peças, e já era tempo de surgirem bons espetáculos inspirados nela. Essa é a base de Tomo Suas Mãos nas Minhas (confira o serviço completo do espetáculo), texto da norte-americana Carol Rocamora escrito a partir da correspondência entre o russo e Olga Knípper, jovem atriz com quem ele viria a se casar.

A tensão surge pelo afastamento forçado do casal, devido ao tratamento dele contra a tuberculose, que lhe tiraria a vida em 1904, e pela dificuldade de relacionamento entre Olga e a família de Chekhov – particularmente com a irmã dele, Masha. No total, o dramaturgo e Olga tiveram apenas seis anos juntos, período em que trocaram 400 cartas.

"Queria mostrar a vontade de viver intensamente que Chekhov sentia com a proximidade da morte e, ao mesmo tempo, contar como ele revolucionou o teatro", conta a diretora Leila Hipólito.

Após conhecerem-se em uma leitura de A Gaivota, texto de Chekhov que marcou a guinada do artista rumo ao realismo, no Teatro de Arte de Moscou, ele, mais velho, e ela, atriz estreante, se apaixonam e passam a trocar cartas intensas.

O texto dá a entender que a vivacidade de Olga – foi ela quem pediu o dramaturgo em casamento – influenciou a criação do marido, cujas quatro últimas peças (as outras três são As Três Irmãs, O Jardim das Cerejeiras e Tio Vânia) são consideradas obras-primas e fundadoras de um novo estilo, que rompe com o tradicional vaudeville feito à época.

Direitos

Leila e sua sócia leram sobre uma montagem do texto de Tomo Suas Mãos nas Minhas feita por Peter Brook em Paris, em 2004, e se interessaram pelo trabalho. Tiveram que brigar para comprar os direitos exclusivos para a montagem no Brasil, e enfim conseguiram estrear em janeiro de 2010 no Rio de Janeiro. A atuação de Roberto Bomtempo, ator com experiência em textos de Chekhov, foi um dos pontos altos para o sucesso do espetáculo. Em Curitiba, a atriz Miriam Freeland foi substituída por Symone Strobel.

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