As projeções criadas por Elenize Dezgeniski interagem com os atores, com um belo resultado| Foto: Fotos: Elenize Dezgeniski/Divulgação

Programe-se

Águas

Villa Hauer Cultural (R. Bom Jesus de Iguape, 2.121), (41) 3333-7652. Com o Grupo Obragem de Teatro. Quinta-feira a sábado, às 20 horas, e domingo, às 19 horas. R$ 10 e R$ 5 (com bônus). Até 2 de fevereiro. Classificação indicativa: 16 anos.

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Eduardo e Olga vivem e falam sobre diversos personagens ao longo do espetáculo
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A mescla de metáforas relacionando a água à vida e à morte com breves histórias de relacionamento resultou no espetáculo Águas, que o grupo Obragem estreia hoje no espaço Villa Hauer Cultural.

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A escolha por um local periférico em relação à maior parte dos teatros de Curitiba, que ficam no Centro da cidade, foi proposital e faz parte de uma política de democratização da arte enfatizada pelo coletivo. Uma temporada de pré-estreia foi realizada em novembro, no mesmo local, para moradores de rua, alunos de teatro das regionais da prefeitura, meninos alojados em casas de recuperação e idosos.

Daquela vez, após cada apresentação, os atores, Olga Nenevê e Eduardo Giacomini, batiam papo com a plateia. A surpresa foi observar as relações pessoais que cada um enxergava em cenas da peça.

"As metáforas, como ‘atravessar a onda gigante’ e ‘ter a casa inundando’, as pessoas relacionavam aos seus conflitos", emocionou-se Olga, após um ensaio aberto à Gazeta do Povo.

O texto foi escrito por ela, em colaboração com Nara Heemann, que criou, direto da Alemanha, alguns textos lidos em off no espetáculo.

Todos os trechos utilizam a água em seus vários estados e situações climáticas (tempestades, tsunamis, inundações) para sugerir as alegrias e intempéries da vida.

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A relação entre pai/mãe e filhos, amores e esperanças surge como tema dos vários personagens descritos ou vividos pelo casal de atores – Olga e Eduardo são casados e tocam o projeto Obragem junto com um grupo de artistas de diferentes áreas.

Em meio a personagens saídos das referências reais dos criadores estão seres da mitologia, como Narciso, e ícones do teatro, como Ofélia, que amava o príncipe Hamlet.

O cenário onde tudo isso acontece está inserido dentro de uma baixa piscina de plástico, que, aos poucos, é enchida de água, encharcando tudo o que está ali dentro. Quem assistiu ao espetáculo Longe – Sobre o Amor, Sobre Distâncias, estreado pelo grupo em 2012, perceberá que as ideias de agora já estavam presentes, como gérmen, naquele trabalho.

Dessa vez, a junção de atuação e projeções, a cargo de Elenize Dezgeniski, chegou de forma muito madura. Uma imensa tela é acionada com imagens ora de um mergulho profundo, ora de geleiras se desprendendo. Além das imagens em vídeo e do ambiente aquático em que a peça se desenrola, o grupo teve outras "sacadas cênicas", como falar dentro de uma concha, em que um microfone acoplado permite expandir a voz alterada.

A trilha sonora utilizada é original. Criada pelo músico Vadeco, ela transporta o espectador para o mundo imaginário de Águas. A temporada fica no bairro Hauer até 2 de fevereiro. Depois, a intenção é tentar excursionar com o espetáculo, que tem incentivo da Volvo pela Lei Municipal de Mecenato.

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Arte e vida

O fato de Olga e Eduardo serem casados desperta a curiosidade sobre sua rotina artística. Seria uma criação constante? Questionados, eles respondem que nunca param de trabalhar – exceto quando a filha Antônia, de um ano, exige em meio às brincadeiras com os pais: "Não conversem!"

"A gente se dá muito bem. É um privilégio poder se completar de forma tão intensa e evoluir juntos", conclui Olga.