Confira a entrevista exclusiva com Amy Lee, 25 anos, líder do quinteto norte-americano Evanescence, que apresenta o show da turnê Ev World, na Pedreira Paulo Leminski na quinta-feira (19) Esta será a primeira vez que o Evanescence vem ao Brasil. Como estão as expectativas em relação aos shows que farão por aqui?Nós sempre ouvimos coisas boas a respeito dos brasileiros. Amigos nossos de outras bandas que já tocaram aí só nos disseram coisas ótimas. Que o público é muito empolgado e tem bastante ritmo (risos). Isso sempre nos deixou animados e estamos tentando tocar no Brasil há alguns anos. Mas na época em que estávamos excursionando com Fallen, viajamos pelo mundo todo e ficamos longe de casa durante tanto tempo, que no final estávamos simplesmente esgotados e fomos obrigados a esperar mais um pouco. Mas agora chegou a hora!
No Brasil, grande parte dos fãs da banda são adolescentes ou jovens que estão saindo da adolescência. A que você atribui a identificação desta faixa etária com sua música?Acho que isso não acontece em todos os lugares. Nosso público é formado por jovens, e não por adolescentes especificamente. Mas neste caso, acho que eles se identificam com a nossa música porque estão passando pela fase mais sentimental da vida deles (risos). E como nós também lidamos com emoções e sentimentos nas nossas músicas e vidas, acho que faz muito sentido eles se identificarem conosco. Eles sentem que não estão sozinhos, que não são os únicos a passar por maus momentos e situações difíceis.
Então, como você definiria o público da banda em termos de idade?Acho que a maioria dos nossos fãs está entre os 15 e 25 anos, mas também temos muitos fãs mais velhos que isso. Quando observo o público que vai aos nossos shows, vejo meninos, meninas, homens e mulheres. Acho muito bacana termos fãs de todas as idades.
Alguns fãs-clubes brasileiros estão preparando uma surpresa para vocês (durante um dos intervalos do show, os fãs irão cantar a música "Even in Death", gesto que irá se repetir nas demais cidades por onde o grupo irá passar, porém com canções diferentes). Não posso contar o que será mas posso dizer que vai acontecer durante os shows. É comum serem recebidos com este tipo de devoção?Surpresa? Ah não... (risos). Eu não sei o que eles estão armando então não posso dizer se é algo comum. Mas, quando viajamos para países distantes do nosso, vemos que temos fãs ótimos, que se dedicam e se organizam em fãs-clubes. Como só nos vemos bem de vez em quando, é sempre uma ocasião especial. Já ganhamos vários presentes maravilhosos e temos histórias incríveis sobre esses encontros. Mas agora você me deixou nervosa! Eu quero saber o que vai acontecer!
É algo bem bacana, acho que vocês ficarão emocionados. Mas, aproveitando o assunto, a banda está preparando algo especial para os shows brasileiros?Será especial, porque vamos tocar todas as nossas músicas, algo que nunca fizemos aí no Brasil. Vamos tocar durante o máximo de tempo que nos permitirem e curtir cada segundo. Não pensei em nada muito fora do comum, só quero que os fãs possam ouvir todas as canções que nunca tiveram a oportunidade de conferir ao vivo.
O repertório será focado no álbum mais recente da banda, The Open Door?Vamos tocar metade das músicas de Fallen e metade das de The Open Door.
Em termos de estrutura, como funciona um show do Evanescence? Há uma preocupação com cenários, figurinos ou algo do gênero?Não estamos levando uma tonelada de equipamentos ou cenário. Mas, para nossa sorte, temos um diretor de iluminação incrível. Mesmo assim, num show do Evanescence, o que você ouve é sempre mais importante do que o que você vê. É claro que pretendo estar bonita, com uma roupa legal, mas a música é o que mais importa pra mim.
O Evanescence já enfrentou problemas sérios durante sua trajetória, como troca de integrantes, problemas de saúde com o guitarrista Terry Balsamo (que sofreu um derrame em 2005) e até uma ação juducial contra o ex-empresário da banda. Como esses episódios foram superados e que tipo de conseqüências positivas eles trouxeram?Acho que o maior desafio para qualquer banda é mantê-la unida e funcionando. São artistas diferentes, que compõem juntos, tocam juntos e se comprometem a criar uma obra de arte juntos. Temos de nos separar de nossas famílias e seguir em turnê juntos. Em alguns momentos as coisas ficam bem difíceis, rola muito stress, porque viver em turnê é algo muito incomum, exige muita determinação e força. O Ben Moody (ex-guitarrista e fundador da banda ao lado de Amy) saiu da banda há bastante tempo e, desde então, só coisas boas aconteceram. A saída dele foi algo positiva, era algo que precisava acontecer. Ele estava muito infeliz e acabava deixando a todo nós mais infelizes ainda. Ficamos aliviados, mas ao mesmo tempo nervosos, porque pensamos 'tá, e agora, o que vamos fazer?'. Mas eu só compreendi isso quando comecei a compor as canções do novo álbum. Experiências pessoais sempre inspiram o que escrevo e é por isso que a mídia faz questão de falar disso o tempo todo. Afinal, sou eu falando sobre meus realcionamentos e sobre os problemas pelos quais passei através das letras das canções. O Will (ex-baixsita) largou a banda porque não queria mais sair em turnê, sentia falta da família e queria viver uma vida normal. Ele gravou o álbum e decidiu parar, mas ainda somos amigos. No fim das contas, todas essas coisas só nos deixaram mais fortes e unidos.Logo, é possível dizer que a música funciona como um tipo de terapia para você.É extamente isso. Não que eu seja uma pessoa depressiva, sou uma pessoa feliz, tenho uma vida ótima e sou muito grata por isso. Mas sou muito sensível. Problemas de relacionamento, dificuldades no dia-a-dia , tudo isso me afeta muito, eu acabo ficando bem desanimada. Então escrevo canções. É como se pegasse coisas horríveis e ruins e transformasse em algo bonito. Quando escrevo me sinto melhor e me permito seguir em frente. São coisas que aconteceram comigo, fizeram parte da minha vida e me fizeram crescer através da arte.
Mas chegou a pensar em desistir de tudo em algum momento? Agora que você é a líder da banda, as responsabilidades devem ter triplicado, não é?Às vezes me sinto bem cansada, mas não posso desistir. Sim, sou a líder da banda agora. Tive de me tornar a líder após a saída do Ben. Mas acho que é uma coisa boa. Acho que sou uma boa líder, uma pessoa justa. Não costumo surtar ou agir irracionalmente. Tenho muito mais reponsabilidades agora, mas sou capaz de lidar bem com isso.
Mas, ao mesmo tempo que surgiram mais responsabilidades, a liberdade criativa parece ser a marca mais forte em The Open Door. O próprio título do álbum está relacionado a isso. Poderia nos contar sobre as mudanças na sonoridade da banda nesse trabalho?Nós ficamos livre para ir a qualquer parte. Não foi como se estivéssemos tentando fazer de cada canção um single. Acho que cada canção tem sentimentos e sentidos diversos e todas apontam para diferentes caminhos. Em Fallen, senti que estava de certo modo presa em só fazer canções emotivas. Mas naquela época éramos mais jovens, tínhamos receio de que se mudássemos ou experimetássemos algo novo as pessoas nos odiariam. Agora estamos nos arriscando muito mais.
Deve ser bem comum, durante os shows, você olhar para as primeiras filas e identificar várias "pequenas Amy Lees". Como você se sente em relação a isso?Eu acho legal que elas prestem uma homenagem a alguém de que gostam e admiram. É muito divertido! As pessoas se vestem para os nossos shows como se fosse noite de Halloween! Vêem nosso show como uma oportunidade bacana para se arrumar e se divertir. Acho bacana, mas, às vezes é engraçado, porque sinto como se estivesse olhando de volta para o passado. Eu não me visto mais desse jeito o tempo todo (risos). Olho para elas e penso 'nossa, elas se parecem comigo a dez anos atrás'.
Você mesma faz questão de cuidar do seu visual de palco. Sei que desenha suas próprias roupas, mas também cuida da maquiagem? Como arranja tempo para isso tudo?Não, não faço minha própria maquiagem, tenho um maquiador. Mas quanto às roupas, eu as desenho e outras pessoas as costuram para mim. É isso que consigo ter tempo.
Você costuma acompanhar desfiles, lançamentos de coleções, ou em aplicar novas tendências em seus figurinos?Não acompanho nada relativo à indústria da moda, muito pelo contrário, tento ir na direção oposta (risos). Eu não me importo com que é 'in' (com o que está na moda). Apenas tento fazer com que as roupas se encaixem no contexto da nossa música. Comecei a desenhar minhas próprias roupas justamente porque não conseguia achar nada de que gostasse nas lojas. Hoje em dia a situação não é mais tão complicada assim, consigo comprar roupas legais para os shows. Mas no começo foi bem difícil, porque eu queria parecer agressiva, combinando peças de estilo vitoriano com vintage.
Já pensou em algum dia lançar sua própria grife?Definitivamente não. Talvez até fosse divertido fazer uma única peça para uma grife ou algo do gênero. Mas eu gosto mesmo é de fazer roupas só para mim.
Como é o visual da Amy Lee durante o dia?Eu nunca uso calça jeans, estou sempre de saia. Não sei dizer ao certo qual é meu estilo fora dos palcos. Uso roupas engraçadas e meio estranhas, que fazem as pessoas rirem de mim. Mas depende muito do meu humor. Se estou bem comigo mesma, visto umas roupas meio bobas, bufantes. Mas na maior parte de tempo, me visto de um jeito bem normal. Não acho que me vista diferente das pessoas que vejo andando nas calçadas, sabe?
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