Um bicho meio cachorro, meio urso, muito parecido com um Ewok, ser presente em Star Wars Episódio VI: O Retorno de Jedi (1983), está sentado confortavelmente em sua poltrona, em frente à lareira, ao lado de um busto que lembra Napoleão Bonaparte. A existência dos dois personagens insólitos torna-se quase conservadora quando suas bocas animadas digitalmente ganham voz e falam em português lusitano. E como falam.
O Programa do Aleixo feito pelo grupo Gana (Guionistas e Argumentistas Não-alinhados) e exibido pela rede de televisão portuguesa Sic Radical desde 9 de novembro de 2008 é sucesso também entre os brasileiros.
Alguns vídeos no site YouTube têm mais de 90 mil acessos. O que faz um semi-cachorro desgrenhado e um busto de chapéu conseguirem audiência considerável? Talvez o acerto esteja justamente em recorrer ao estranho, ao sarcástico, à doses de nonsense (com bom senso) e ao politicamente incorreto algo difícil de se encontrar em programas humorísticos atuais.
Bruno Aleixo (o nome do cachorro) tem uma voz peculiar e uma entonação quase assustadora. Para os brasileiros, talvez o sotaque português colabore e seja responsável por alguns risos à primeira vista. Mas as conversas surreais com Busto (é o nome do busto) e os silêncios em que a cara freak do cachorro é a única referência vão, aos poucos, nos prendendo aos episódios.
Ao longo dos capítulos, surgem vários amigos de Bruno Aleixo: Dr. Ribeiro (médico que é invisível desde os 34 anos), Nelson Miguel Rodrigues Pinto (o porteiro do prédio), Renato Alexandre, Primo do Busto, o Homem do Bussaco, e o Velhadas.
No programa, uma espécie de talk show anacrônico, Bruno Aleixo também atende telespectadores fictícios, entrevista figuras públicas de Portugal e comenta filmes e lendas urbanas. Em alguns momentos lembra o inacreditável sugerido pela trupe inglesa do Monty Python; em outros, a infantilidade cativante de Chaves. Mas sempre com algo de cínico e com elevado grau de estranheza.
Em um dos episódios mais antigos e mais acessados no YouTube, Bruno quer seguir a "profissão" de seu tio e ser imigrante. Mas não na França, onde está o parente, e sim em Coimbra, cidade de seu próprio país. Argumenta com a professora por mais de três minutos e diz que, se não for imigrante, será proxeneta, algo como "cafetão" no Brasil. Por essas e outras, Bruno consegue convencer a educadora representada por uma decadente foto em preto-e-branco.
Também há algo de vulgar e anárquico, o que pode afastar telespectadores mais conservadores ou sensíveis.
Fãs do Programa do Aleixo, entretanto, tiveram uma notícia triste. O último episódio da série será exibido no dia 8 de fevereiro. E já há uma petição online para que as gravações não parem (http://www.peticao.com.pt/bruno-aleixo).
Episódios mais recentes podem ser vistos no site da Sic (http://sic.aeiou.pt/sicradical/o-programa-do-aleixo).
Os mais antigos estão disponíveis no site YouTube (www. youtube.com). Basta procurar por "Programa do Aleixo" para acessá-los. Não desista na primeira tentativa.
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