O ano de 2007 tem sido de inovações no Coro da Camerata Antiqua de Curitiba. Depois de estrear um concerto cênico em homenagem ao dramaturgo italiano Carlo Goldoni, com participação do ator Luis Melo, o grupo apresenta neste fim de semana um novo espetáculo cênico: Cores do Brasil.
A montagem, com regência de Helma Haller, participação dos instrumentistas Paulo Braga (piano) e Luiz Guello (percussão), músicos de carreira internacional, e direção cênica de Jacqueline Daher, terá apresentações nesta sexta-feira (23) e sábado (24), no Teatro Paiol.
A maestrina explica que as mudanças nos dois últimos espetáculos do grupo (o Coro Cênico em homenagem a Goldoni estreou em setembro) buscam tornar a música coral mais atraente para a platéia. "Com tantos estímulos, parece que só o ouvido não interessa para o público, é preciso envolvê-lo com outras linguagens, abranger outras formas de arte", comentou Helma Haller, regente do espetáculo.
Cores do Brasil une música, teatro, literatura e vídeo. O espetáculo musical é costurado pelas leituras de poesias e de trechos da carta de Pero Vaz de Caminha, textos de Manuel Bandeira, Chico Buarque, Carlos Drummond de Andrade, entre outros, recitados pelos integrantes do Coro.
A encenação começa mostrando a influência portuguesa na cultura do Brasil, com uma releitura contemporânea de uma partitura anônima que representa o Brasil Colonial. Na seqüência, é apresentado um bloco dedicado aos índios, conforme explicação da regente, com músicas de Guerra Peixe e Heitor Villa-Lobos, compositores brasileiros que estudaram a música indígena.
Em seguida, é representada a música na corte, com as modinhas que animavam os famosos saraus, com interpretação de uma composição de José Mauricio Nunes Garcia. Este bloco fecha a primeira parte do espetáculo, retratando o Brasil Império. Não há intervalos durante o espetáculo, com previsão de duração entre 1h15 a 1h30.
A segunda parte de Cores do Brasil é dedicada à cultura negra, explorando o ritmo dos instrumentos percussivos, além de canções e trechos de poemas que contam a história da escravidão no país.
O início do processo de urbanização do Brasil será percebida em seguida, no bloco que o grupo chama de Vila Brasil, com músicas de Rodolfo Coelho de Souza e Edmundo Villani-Côrtes, que, inclusive, vai estrear uma canção no espetáculo "Sátira Musical", em que fala da política brasileira. O espetáculo termina com um arrasta-pé.
"A concepção mostra a ancestralidade da música brasileira, de forma colorida, poética. Todo espetáculo é costurado por movimentos cênicos, colagens de poemas e algumas imagens em vídeo. Há apenas um personagem, que é um dançarino. O figurino traz elementos simbólicos, adereços, que representam cada época que cantamos. Foram usadas muitas fibras naturais, sementes, madeiras, crochê, fuxicos", adiantou Helma Haller.
A idéia do espetáculo surgiu há pelo menos um ano, quando a direção do Coro da Camerata Antiqua de Curitiba fez a proposta à Helma Haller de um espetáculo diferente. Como ela vinha, há algum tempo, pesquisando a música brasileira, a música de raiz e o folclore, viu a oportunidade de colocar em prática o material que tinha encontrado.
"Na verdade o espetáculo visa à participação em um Simpósio de música coral que vai acontecer na Dinamarca, em julho de 2008. É um evento internacional onde vamos representar o Brasil e o desafio é apresentar formas interessantes para música coral sem perder a qualidade", comentou. "Acho que, com este espetáculo, vamos representar um Brasil diferente do que é propagado, mas verdadeiro", concluiu a regente.
Antes da viagem para a Europa, em 2008, o grupo deve voltar a apresentar Cores do Brasil em Curitiba, em datas a serem confirmadas.
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