Você já viu este formato antes: músicas mais que conhecidas, pot-pourris, arranjos triviais, algumas pitadas de comédia e romantismo. A diferença é que, ao invés do baile de gala kitsch de André Rieu, é o universo das FMs que impulsiona o musical Toda Brasileira É Uma Diva, do pianista, arranjador, produtor musical e compositor Eduardo Lages, que se apresenta no Teatro Positivo nesta sexta-feira (22), às 21h15.
Conhecido como o maestro de Roberto Carlos, que acompanha desde 1977, o músico conta que, de fato, se inspirou no violinista holandês para criar seu espetáculo, em que reúne um punhado de canções que gosta desde garoto.
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“Ele toca músicas que as pessoas querem ouvir. Não tem nenhuma preocupação de fazer uma grande performance musical. Mas puxei para uma temática mais brasileira, com mais alegria e um pouco menos de saudosismo”, explica Lages, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo.
“O Brasil não tem cultura de música instrumental popular. Aqui é o país do cantor. Então, para você prender a atenção de uma plateia por duas horas, tem que fazer com que as pessoas participem. Como fazer isso? Tocando músicas que sejam do agrado delas”, ensina Lage.
Assim, o show passa por canções de diferentes gêneros da música radiofônica brasileira, como “É o Amor” e “Como Uma Onda no Mar”; resgata clássicos da MPB como “Maria, Maria”, “Eu Sei Que Vou Te Amar”, “Chovendo na Roseira” e “Carinhoso”; dispara sucessos dos Beatles; e faz apanhados de trilhas de novelas, canções infantis e sucessos de baile, além de uma ou outra canção do Roberto, dentre outros hits inabaláveis.
“É música que tem tudo a ver com a minha geração”, diz Lages, que completou 50 anos de carreira. “A única música do século 21 que tocamos é ‘Happy’ [Pharrell Williams]”, diz.
“O mais importante é a felicidade da orquestra, que se apresenta de forma totalmente descontraída. É quase um musical. Tem participação de trupe de atores, bailarinos. É uma coisa bastante divertida. E que, quando termina, normalmente deixa as pessoas felizes. É uma pena que passe tão rápido”, promete.
O espetáculo tem direção de Ulysses Cruz e roteiro de Vinícius Faustini.
Programe-se
Teatro Positivo – Grande Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3283. Dia 22 de maio, às 21h20. Assinantes da Gazeta do têm 40% de desconto na compra de até dois bilhetes por titular. Os ingressos custam a partir de R$ 66 (inteira) e R$ 36 (meia-entrada), de acordo com o setor, e estão à venda pelo serviço Disk Ingressos. Mais informações no Guia.
Parceria com o Rei
Para Lages, é o romantismo que define sua identidade musical. “Desde que comecei a estudar piano, ainda garoto, sempre gostei das músicas de Chopin, que era um romântico”, conta.
Ele diz que seu trabalho próprio não se confunde com o de Roberto. No entanto, não é por acaso que a parceria deu certo. O Rei começava a seguir justamente a linha romântica quando começou a trabalhar com Lages. “Ele já tinha saído do iê-iê-iê da Jovem Guarda e do soul, que foram coisas das quais não participei. Eu era mais ligado à bossa nova e à música romântica”, conta.
“Quando fui trabalhar com o Roberto, em 1977, me senti um estranho no ninho. Mas fui aprendendo o trabalho dele e reconhecendo o valor que tinham não só as músicas, mas a forma dele de cantar, principalmente pelas reações do público. Por isso, o chamo de o maior artista popular do Brasil”, defende.
Roberto Carlos não teria se acomodado sobre esta receita? “Acho que as pessoas têm razão [quando dizem que Roberto apresenta o mesmo show há anos]. Mas, se Elvis Presley e Frank Sinatra fossem vivos, você iria querer ouvir o que eles cantavam há décadas atrás nos shows”, diz. “Com exceção, talvez, de ‘Quero Que Vá Tudo Pro Inferno’ e ‘Jesus Cristo’, a maioria que ficou eternizada na voz do Roberto acabou sendo romântica. E isso, de qualquer forma, temos que tocar.”