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Com a marca rara para o cinema brasileiro de um milhão de espectadores em menos de uma semana em cartaz - alcançada esta quinta-feira -, "2 filhos de Francisco" traz a reboque a consagração de um ator para lá de conhecido na televisão: Ângelo Antônio. Seu desempenho como o obsessivo homem do campo que sonha ver os filhos em cima do palco é unanimidade no filme de Breno Silveira. Considerado por muitos críticos seu melhor trabalho, o ator vê o sucesso (o próprio e do longa-metragem) com a tranqüilidade que costuma caracterizar um bom mineiro.

- Em qualquer profissão é assim. Fazemos o melhor. E o que vai acontecer para frente é fruto - diz o ator, nascido em Curvelo, interior de Minas Gerais, e convidado para o papel do pai de Zezé Di Camargo e Luciano pela similaridade na aparência e por sua afinidade com o campo. - Tinha a intuição que ia ser bacana, já diziam que seria um trabalho de sucesso. Mas ainda estou contemplando.

Ele vislumbra mais sucesso para "2 filhos de Francisco", já confirmado pela Conspiração Filmes como um dos concorrentes para a vaga de melhor filme estrangeiro do Oscar 2006.

Ângelo acha que o filme seria um bom representante brasileiro na maior festa do cinema mundial, onde já concorreram ao Oscar estrangeiro "O quatrilho", de Fábio Barreto (1996); "O que é isso, companheiro?", de Bruno Barreto (1998); e "Central do Brasil", de Walter Salles (1999). Os internautas que participaram da enquete do Globo Online também depositam confiança na produção: 39% votaram em "2 filhos de Francisco" como o filme que deveria representar o Brasil e concorrer a uma das cinco vagas do Oscar estrangeiro.

- O filme é muito brasileiro. Fala das profundezas desse país. A nossa essência está ali - diz o ator, que vai esperar, junto com todo o Brasil, até dia 22 de setembro para o anúncio do escolhido.

Cena da dupla cantando na rodoviária comove ator

Ângelo Antônio ainda se emociona ao lembrar de "2 filhos de Francisco". Ele, que não conseguia ver as cenas quanto terminava de rodar, já assistiu ao longa pelo menos cinco vezes. Muitas só para prestar atenção na reação da platéia.

Pedir para eleger a cena preferida é um castigo. Mas ele destaca a da rodoviária em Goiânia. ''Ele (Emival) com o pezinho arrastando a caixinha do dinheiro é lindo'', diz. É quando a dupla Mirosmar (o futuro Zezé) e Emival começa a cantar para levar dinheiro para casa. Mas, para o ator, o momento antológico é quando eles se mudam para um barracão com chão de terra batida e cheio de goteiras. Ali, Francisco consegue tirar risadas dos filhos quando descobre uma novidade: a lâmpada.

- Seu Francisco é assim. Tem humor nas dificuldades -reconhece Ângelo.

O ator, de 40 anos, conviveu com seu Francisco durante dez dias. Ele perguntava tantos detalhes para o pai de Zezé Di Camargo e Luciano fazendo-o acreditar que se tratava de um repórter.

- Ele não vê muita televisão, não me reconhecia. Até me chamava de Sérgio o tempo todo! - conta Ângelo se divertindo. - Quando Luciano perguntou o que o pai achava de mim disse "ahhh filho, ele especula muito!".

A simplicidade de seu Francisco era tanta que, ao primeiro olhar, Ângelo pensou se tratar de um funcionário da fazenda.

- E depois, ele vendo uma cena, zombou de mim. 'Esse menino nunca segurou numa enxada!' - lembra o ator da única "crítica" de Francisco ao seu trabalho.

Além das "especulações" com seu Francisco, Ângelo teve noção da energia do personagem ao acompanhar o teste das crianças que viveriam Mirosmar e Emival. O ator se envolveu tanto com os meninos que diz sentir saudade.

Ator engoliu ovo cru para incentivar as crianças

O começo da relação foi forte. Para entrarem no clima do filme, os atores-cantores Dáblio Moreira, hoje com 17 anos, e Marcos Henrique, de 13, foram orientados a chamar Ângelo Antônio e Dira Paes (Helena) de pai e mãe no dia-a-dia.

- Fomos entrando no jogo deles e criando essa relação. Mas a ficha caiu quando Breno (Silveira, o diretor) nos levou ao rio onde Zezé brincava quando criança.

Para aumentar a aproximação com os meninos, Ângelo e Dira Paes pediram para ficar sozinhos com eles. "No dia seguinte toda a equipe sentia a atmosfera diferente", relembra. O convívio era tão forte que envolveu até a filha do ator, Clara, de 12 anos, de seu casamento com a atriz Letícia Sabatella.

- Ela quis conhece-los de tanto eu falar. Outro dia mesmo sonhou que estava conversando com os dois.

A cumplicidade era tanta entre Ângelo e os meninos que para a cena onde os futuros cantores engoliam dois ovos crus ele colocou um na própria boca. Se ajudou as crianças?

- Teve alguns ovos voando na câmera, os dois passando mal, mas um, e não vou falar o nome, engoliu de verdade. O outro precisou de uma mistura para fingir que era ovo. Mas passou mal da mesma maneira - revela o ator, lembrando que a cena era a mais temida pelos meninos.

Desde o fim da campanha de lançamento do filme, Ângelo não conseguiu ver Dáblio e Marcos. Mas torce tanto por eles que arrisca um conselho.

- Acho que não deveriam se separar de suas duplas - diz o ator sobre a possível união de Dáblio e Marcos Henrique para o início de uma carreira juntos, que inclui um disco pela maior gravadora do mundo, a Sony-BMG, separando-os de seus parceiros originais do interior de Goiás. - Eles não querem se separar e acho essa ética, essa fidelidade, bacana.

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