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Inovação: há narração ao vivo do que se passa no palco | Divulgação
Inovação: há narração ao vivo do que se passa no palco| Foto: Divulgação

Teatro

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Lúcia perde a visão aos 15 anos, e, acreditando que seu cachorro Tobias fugira com seus olhos, sai à procura deles pelas galerias do metrô. O espetáculo O Som das Cores conta essa fantasiosa história por meio do teatro de animação, com bonecos de 60 centímetros a 1,70 metro de altura, neste fim de semana, na Caixa Cultural. Durante as sessões, que acontecem sábado e domingo, haverá narração ao vivo de tudo que acontece no palco. Pessoas com deficiência visual poderão acompanhar a peça com o uso de aparelhos de audiodescrição.

O espetáculo da companhia Catibrum, de Belo Horizonte (MG), foi inspirado no livro homônimo do taiwanês Jimmy Liao e no poema "O Cego", do escritor tcheco Rainer Maria Rilke. Lelo Silva, que assina a dramaturgia e a direção da peça, convocou o historiador Flávio Oliveira para ser o preparador corporal das atrizes que dão vida aos bonecos. Assim como a protagonista Lúcia, Oliveira perdeu a visão aos 15 anos. No laboratório de nove meses, ele mostrou às artistas como se portar na rua, usar bengala, contar dinheiro. O resultado é que a cegueira do boneco Lúcia convence e provoca reações imediatas na plateia. "As crianças gritam ‘cuidado!’ quando ela está prestes a se chocar com um poste, ficam ansiosas. Há inclusive um elemento de suspense na espetáculo ", conta o diretor.

A peça estreou em maio do ano passado e tem sido bem-recebida por pessoas com deficiência visual. Muitas foram ao teatro pela primeira vez. Segundo o diretor, a história promove identificação porque é sensível, mas sem vitimizar. "Não é um espetáculo piegas, a gente não trata a personagem como coitadinha. Depois da apresentação, o público com deficiência visual toca nos bonecos, apalpa o cenário. Eles se sentem valorizados e culturalmente incluídos", afirma. Silva fez uma pesquisa e concluiu que Lúcia é a primeira protagonista cega da história do teatro brasileiro.

Apesar de classificada como infantil, a plateia tem sido composta por cerca de 80% de adultos e 20% de crianças, de forma espontânea, conta o diretor. Ele garante que a história de adaptação e superação comove e agrada a todas as faixas etárias.

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