Quatro dias após o início do Festival de Cannes, o cineasta britânico Mike Leigh apresentou enfim um candidato à altura da competição oficial.
Exibido em sessão de gala na noite deste sábado (14), "Another year" recebeu até agora a cotação máxima no termômetro da revista "Screen", que reúne avaliações de nove críticos de diferentes países. Foram três avaliações quatro estrelas (correspondente a excelente) e seis avaliações de três estrelas (bom).
Em resenha publicada na manhã deste domingo (16), a revista "Variety", geralmente implacável em suas análises, só fez elogios ao novo filme de Leigh, que seria tão bom quanto "Segredos e mentiras" (que lhe rendeu prêmio em Cannes em 1996) e superior a "Simplesmente feliz", de 2009.
De fato, "Another year" reúne as principais qualidades dos filmes do diretor: o competente trabalho de atores e a sensibilidade para lidar com grandes temas familiares e sociais a partir do drama de pessoas comuns.
Tom (Jim Broadbent), um geólogo apaixonado pela mulher e habilidoso na cozinha, e Gerri (Ruth Sheen), psicóloga bem-resolvida e hospitaleira, formam uma família feliz junto com o carinhoso filho, Joe (Oliver Maltman), que já saiu de casa, mas volta de quando em quando, de bicicleta, para visitar os pais.
O problema são os outros, e eles vêm e vão ao sabor das quatro estações do ano usadas por Leigh para dividir o filme.
A primavera traz Mary (Lesley Manville), colega de trabalho de Gerri, insegura e chegada a um vinho, que passa por uma crise de meia-idade por não ter encontrado um par para ela. O verão, tempo de churrascos no quintal dos ingleses, traz um velho amigo de Tom, alcoólatra e solteirão, que julga ter encontrado a companheira ideal em Mary - só fica faltando ela concordar com isso. Com o outono, surge uma namorada para o filho e, no inverno, um irmão reservado de Tom vai passar um tempo com o casal para superar a dor da perda da esposa.
É curioso que o filme comece no consultório de Gerri, onde ela atende uma velha senhora com quadro de depressão e que só deseja uma receita de calmantes por acreditar que "dormir" resolverá todos os seus problemas. A cena, breve, é com a ótima Imelda Staunton (de "Aconteceu em Woodstock"), e o espectador fica aguardando até o final pela volta dela. Mas ela nunca vem, porque a verdadeira terapia de "Another year" se dá na casa de Gerri e Tom.
E, diferente da atmosfera sufocante de "Segredos e mentiras", aqui, os momentos de tensão são sempre alternados com situações de alívio cômico que contribuem para que este "mais um ano" na trajetória dos personagens avance da forma mais indolor possível - se é que isso é possível na vida real de qualquer pessoa comum.
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