Antecipação do Fashion Rio divide grifes em A e B, provocando chiadeira de marcas

A antecipação do Fashion Rio pegou de surpresa muitas grifes que desfilam na semana de moda carioca, que começou no domingo na Marina da Glória. Os jogos Pan-Americanos na cidade, o calendário de festas de São João no Nordeste (região do país para onde mais as grifes cariocas vendem) e, é claro, as datas da São Paulo Fashion Week (de 13 a 19 de junho) e das Semanas de Moda da Europa forçaram o evento carioca acontecer no início de junho, o que deixou as marcas de cabelo em pé por conta do prazo apertado para aprontarem seus fashion shows. O ritmo teve de ser acelerado e muitos detalhes estão sendo fechados de última hora, no maior corre-corre.

Se não bastasse o problema da antecipação, outra dor-de-cabeça atingiu em cheio as grifes nesta 11ª edição. O Fashion Rio acontece até o dia 8 de junho, no meio do feriadão prolongado de Corpus Christi. Nos bastidores, foi uma disputa daquelas para ver quem desfila nos primeiros dias (segunda, terça e quarta), considerados nobres, e quem mostra suas coleções primavera-verão na quinta e na sexta-feiras, em pleno feriado, datas que foram classificadas como pouco atrativas. O line-up então provocou uma divisão das grifes em A e B. Instalou-se uma ciumeira geral. Várias grifes chegaram a pedir que o evento fosse adiado, mas foi em vão. A Dupla Assessoria, responsável pela organização do evento, não cedeu às pressões.

Nenhuma grife confirma oficialmente a chiadeira, mas fontes garantem que elas existem, sim. Muito da discórdia vem do fato de que não foram oferecidos descontos no valor da taxa para quem desfilasse em pleno feriadão. As grifes alegam ainda que o retorno de mídia ficará comprometido, não havendo, portanto, muita repercussão de seus desfiles. A platéia pode ficar comprometida também, já que muitas pessoas pretendem viajar para aproveitar os dias de folga. A primeira fila também será afetada com a escassez de celebridades, chiam as marcas.

A verdade é que o line up do Fashion Rio concentra suas marcas mais fortes antes do feriado. A grife Colcci, por exemplo, que sempre encerrava apoteoticamente todo evento, mudou seu desfile para a noite de terça-feira, teoricamente o segundo dia (no domingo há apenas um desfile infantil e uma entrevista coletiva de imprensa). A marca catarinense foi uma das que pôde escolher dia e horário de seu desfile, já que com o furacão Gisele Bündchen na passarela é a responsável por grande parte do sucesso do Fashion Rio. A supermodelo gaúcha atrai muita imprensa internacional. Já as grifes menores tiveram que se contentar com desfiles no feriadão...

O Rio Moda Hype, celeiro da nova moda carioca, mais uma vez é preterido pela organização do evento com os desfiles acontecendo na quinta e sexta-feiras, durante o feriadão, diminuindo, e muito, sua visibilidade, vital para os novos talentos.

Diretora-geral do Fashion Rio, Eloysa Simão jura que os desfiles no feriadão não vão prejudicar as grifes. Ela também não reconhece a chiadeira geral de algumas marcas:

- Não existe uma seleção para privilegiar ninguém e inclusive muitas grifes quiseram desfilar no feriado.