Antes e depois de Tubarão

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Ele era pouco mais que um jovem diretor inexperiente quando aceitou dirigir o filme que transformaria seu nome em selo de qualidade. Depois de Tubarão, tudo o que veio com o carimbo "Steven Spielberg" virou, inevitavelmente, sucesso de bilheteria. Mas o que se vê nos extras da edição especial em DVD dos 30 anos de Tubarão, que chega este mês ao mercado, é um jovem diretor que, apesar da pouca experiência, parecia saber o que fazia. Sua ambição só não foi maior que o poder do acaso, que o obrigou a tomar decisões cruciais ao longo das filmagens.

O documentário sobre a produção revela que a idéia original era usar um tubarão-robô de dimensões reais, que surgiria já na primeira cena para deixar o público perplexo. Mas o robô não ficou pronto em tempo e, depois de finalizado, durou pouco. Projetado para funcionar em água doce, assim que o colocaram no mar, a água salgada corroeu seus mecanismos.

Spielberg não teve escolha, a não ser rodar as cenas que não precisavam do tubarão. Quando já não tinha mais o que fazer, pressionado por prazos e pelo orçamento, abraçou as dificuldades. Se não tinha tubarão, faria as cenas sem ele. É de situações assim que surgem alguns dos momentos geniais do cinema.

Não importa o quanto os efeitos visuais evoluam, a imaginação será sempre um dos elementos mais poderosos das histórias – sejam elas narradas em textos ou imagens. Com a presença do peixe assassino apenas sugerida, a tensão é dobrada. Clima acentuado pela trilha sonora vencedora do Oscar, de John Williams. O filme venceu também as categorias de edição e som.

O DVD duplo traz cenas excluídas, erros de filmagem e 600 imagens de tubarões. Mas as vedetes dos extras são o documentário da produção e as cenas de bastidores. O diretor e quase todo o elenco aparecem para contar como foi participar da produção que inauguraria a era das superproduções do cinema. Tubarão deu origem ao termo "arrasa-quarteirão" (blockbuster) e foi o primeiro "filme-evento" de Hollywood. Depois dele, os verões americanos não seriam os mesmos e, todos os anos, viria um novo filme disposto a ser o Tubarão da temporada.

A história é mínima. A rotina de Amity Island é quebrada com a morte de um de seus moradores. O chefe de polícia Martin Brody (Roy Scheider) é chamado para investigar. O pesquisador Matt Hooper (Richard Dreyfuss) confirma aquilo que os governantes da ilha mais temiam: a vítima foi atacada por um tubarão branco. O prefeito teme que a notícia afugente os turistas e pede para que Brody não faça nenhum alarde. Porém, outras mortes acontecem. Um dos ataques ocorre enquanto vários banhistas estão na água e a situação se torna insustentável.

O caçador de tubarões Quint (Robert Shaw) se dispõe a matar a criatura em troca de uma boa recompensa. De ínicio, o prefeito reluta, mas aceita. Quint, Hooper e Brody se unem para tentar eliminar o tubarão.

O 30.º aniversário de lançamento do primeiro sucesso de Spielberg foi tema do programa Mythbusters – Os Caçadores de Mitos, exibido pelo Discovery Channel. O especial de duas horas procurou confirmar se várias das cenas planejadas para o filme seriam possíveis na vida real. Na obrigação de deixar a presença do tubarão sub-entendida, o filme cria situações como a que uma banhista é arrastada de um lado para outro e outra em que o bicho destrói com o nariz a jaula onde está o mergulhador (mais tarde, foi revelado que a cena ocorreu de fato e gerou uma alteração no roteiro para que pudesse ser utilizada). Alguns mitos foram quebrados, mas vários se confirmaram. O que explica o fascínio causado pelo maior peixe predador do mundo. GGGGG