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Ao contrário da sede do Museu da Imagem e Som do Paraná, que passará por um restauro e reforma completos até o início do próximo ano (leia a matéria de capa do Caderno G), uma parcela considerável de construções históricas de Curitiba sofre com o descaso de proprietários e autoridades. É o que afirma o artista carioca André de Miranda, que inaugura hoje, no Espaço Cultural BRDE, a mostra Xilocidade – Memória Urbana Gravada. O objetivo da exposição é resgatar o valor arquitetônico e denunciar a destruição de construções antigas face à ocupação urbana descontrolada que acomete grandes cidades brasileiras.

"Vi prédios que são patrimônio histórico sem telhado com árvores crescendo por dentro de suas carcaças. É um descuido to-tal dos proprietários e das autoridades competentes", afirma Miranda. O carioca, que mora em Curitiba há três anos, ressalta o crescimento desordenado dos centros urbanos e a destruição dos prédios antigos para a construção de edificações novas. "Curitiba é uma cidade subdividida, as construções novas são aleatórias, a cidade está sendo construída sem critério. Sinto ainda mais isso nos bairros, que não tem iluminação adequada, onde não há planejamento da arquitetura", argumenta o artista.

Para retratar e denunciar essa conjuntura, Miranda entalhou nas matrizes de madeira elementos de fachadas de edifícios abandonados do Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba e imprimiu as imagens sobre folhas de jornais que traziam anúncios e matérias sobre novos edifícios residenciais. Para o artista, essa é uma maneira de expressar o abandono e substituição da arquitetura antiga pela nova. "Gostei do resultado estético e há três anos venho desenvolvendo essa frente de trabalho", comenta Miranda. Na mostra que inaugura hoje serão exibidas 54 xilogravuras geradas a partir de 19 matrizes. Curiosamente, o espaço expositivo do Centro Cultural BRDE ocupa o antigo Palacete dos Leões, construído no início do século 20 por Cândido de Abreu, no ápice do ciclo da erva-mate. "É um prédio belíssimo, mas é uma pena que o público não tenha acesso a ele, porque permanece fechado aos finais de semana", lamenta Miranda.

Georgiana Vidal

Paralelamente à mostra Xilocidade, a artista curitibana Georgiana Vidal inaugura sua exposição individual de esculturas. Ainda como aluna da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Vidal queria explorar os limites da pintura. "A pintura é luz e cor e eu queria transformá-la em objetos, como uma maneira de repensar a pintura de forma tridimensional", explica a artista. Um das pri-meiras iniciativas foi utilizar uma janela jogada em um ferro velho. "A janela é um quadro, que seleciona, então já é uma maneira de se repensar a pintura", comenta a artista.

Utilizando-se de materiais como vidro, espelhos e madeira, Vidal reconstruiu outros objetos, como nas obras "O Carrinho de Pipoca", "O Carrinho de Papel", e "A Banca de Revistas". "As esculturas possuem práticas e títulos diversos consolidando uma interação funcional da arte na sociedade. As composições dos vidros possuem ênfase na ordem horizontal/vertical, porém rompem com os esquemas formais, porque se movimentam", afirma a artista.

No ano passado, Vidal venceu o Prêmio Governo do Estado pela 7.ª Mostra João Turin de Arte Tridimensional. Ela também é professora da Associação de Pais e Amigos de Excepcionais. No próximo mês, a curitibana participará da Bienal de Santos de Artes Visuais.

Serviço: Inauguração das exposições Xilocidade – Memória Urbana Gravada, de André de Miranda e Esculturas , de Georgiana Vidal. Espaço Cultural BRDE – Palacete dos Leões (Av. João Gaulberto, 570), (41) 3219 – 8184. Hoje, às 19 horas. Visitação, de segunda a sexta das 12h30 às 18h30. Entrada franca.

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