O escritor mineiro Luiz Rufatto, premiado com o APCA de melhor romance em 2001 com Eles Eram Muitos Cavalos (Ed. Boitempo) e autor de Estive em Lisboa e Lembrei de você, que integra o projeto Amores Expressos, da Cia das Letras, começou a pensar que queria escrever profissionalmente por conta de uma biblioteca. Com 13 anos, estudando em um colégio de que não gostava em Cataguases (MG) e extremamente tímido, fugia para a sala cheia de livros onde nunca tinha ninguém.
Rufatto falará justamente sobre essa influência da biblioteca na sua formação de leitor e escritor hoje, às 19 horas, no projeto Um Escritor na Biblioteca, bate-papo mensal com escritores promovido pela Biblioteca Pública do Paraná (BPP), que tem entrada franca e hoje será mediado pelo jornalista e tradutor Christian Schwartz.
Inicialmente, Rufatto ia ao espaço da escola somente para se esconder dos demais, até o dia em que a bibliotecária pediu para que ele lesse Bábi Iar, obra que consagrou o escritor soviético Anatoly Kuznetsov. " Li e, quando voltei para devolver, a bibliotecária ficou tão entusiasmada de ver alguém indo lá para ler que ela me dava um livro atrás do outro. Foi bom. Ela me colocou em contato com o que eu desconhecia. Foi isso que me fez ir para Juiz de Fora alguns anos depois estudar comunicação", conta.
Escritor profissional há oito anos, Rufatto salienta que os projetos de ocupação de bibliotecas no Brasil, algo já consolidado no exterior, começaram a ganhar visibilidade recentemente."Isso deixa o espaço vivo e democrático". Ele aponta que, para fazer com que esses espaços sejam mais frequentados, as bibliotecas deveriam funcionar também fora do horário comercial. "Abrir no fim de semana, por exemplo, é essencial. É quando a maioria das pessoas pode ir emprestar um livro."
Oficina
Além da conversa com o público, Rufatto realiza durante toda a semana uma oficina sobre romance para pessoas previamente inscritas e selecionadas, que atendem a alguns critérios estabelecidos pela organização e pelo oficineiro. Desta vez, era necessário que o participante tivesse um projeto de um romance. "Parto de três princípios: para ser um bom escritor, é necessário ser um bom leitor e não basta ter talento, mas também disciplina. Essa história de escritor que bebe a noite toda e escreve quando quer é uma ideia romântica. Por último, esquecer o lado glamouroso e perceber que ser escritor é um profissão como qualquer outra. Tem que trabalhar com convicção".
Participações
Este ano, o projeto Escritor na Biblioteca contou com a participação de Cristovão Tezza, Ana Paula Maia e Elvira Vigna. Até dezembro, mais seis escritores vêm a Curitiba e os próximos bate-papos serão com Antônio Torres (16/08) e Marçal Aquino (20/09). A oficina de agosto será ministrada pelo escritor e crítico Sérgio Rodrigues (24 a 26/08), com o tema leitura.
Serviço
Um Escritor na Biblioteca, com Luiz Rufatto. Auditório Paul Garfunkel , 2º andar da BBP (R. Cândido Lopes, 133 Centro), (41) 3221-4900. Hoje, às 19 horas. Entrada franca.
Mais informações sobre as próximas oficinas podem ser obtidas pelo e-mail oficina@bpp.pr.gov.br.
Câmara aprova regulamentação de reforma tributária e rejeita parte das mudanças do Senado
Mesmo pagando emendas, governo deve aprovar só parte do pacote fiscal – e desidratado
Como o governo Lula conta com ajuda de Arthur Lira na reta final do ano
PF busca mais indícios contra Braga Netto para implicar Bolsonaro em suposto golpe
Deixe sua opinião