CORPO-A-CORPO
O Grupo Corpo apresenta os espetáculos Breu e Lecuona, no dia 22, às 21 horas, no Guairão (Pça. Santos Andrade, s/n.º), (41) 3304-7982.
Os ingresso custam R$ 80 (platéia e 1.º balcão), R$ 60 (2.º balcão) e R$ 40 (meia). Portadores do cartão Clube do Assinante Gazeta do Povo e do Cartão Teatro Guaíra têm 10% de desconto na compra de até dois ingressos inteiros, não cumulativo com outras promoções ou descontos beneficiados por lei. Os cartões também não são cumulativos entre si.
Depois de finalizar um extensa turnê iniciada em agosto, o grupo apresenta Breu, em março do ano que vem, na Brooklyn Academy of Music (BAM), em Nova Iorque, em temporada que tem início na noite de gala que marca a abertura da programação 2008 do prestigiado palco.
O grupo Corpo, fundado em 1975, tem como coreógrafo Rodrigo Pederneiras e como diretor artístico Paulo Pederneiras. Com sede em Belo Horizonte, é formado por 21 bailarinos fixos com idade entre 20 e 36 anos.
O amor e a violência chegam juntos a Curitiba na bagagem do Grupo Corpo, que faz uma única apresentação, no dia 22, às 21 horas, no Guairão. O prestigiado grupo mineiro acaba de encerrar uma temporada parisiense, no Théatre des Champs-Elysées, onde apresentou seu mais novo espetáculo, Breu (2007), com música de Lenine, e Onqotô (2005), com música de Caetano Veloso e José Miguel Wisnik.
Como este último já foi apresentado por aqui, em seu ano de estréia, o grupo preferiu conjugar a nova produção a uma sucessão de pas-de-deux, o espetáculo Lecuona, de 2004. "Esta programação acaba mostrando duas facetas bem diferentes da companhia", reflete Rodrigo Pederneiras, coreógrafo das duas produções, em entrevista concedida ao Caderno G.
Grande baile
De fato. O grupo de dança mineiro, fundado em 1975, tem como uma de suas marcas mais fortes dançar trilhas especialmente compostas. Exceção à regra, Lecuona é inspirado nas canções de amor de um dos ícones da música cubana, o pianista e compositor Ernesto Lecuona (1895-1963). Há mais de duas décadas, o mais novo irmão do clã Pederneiras ficou pasmo e absolutamente apaixonado pelas músicas após ser apresentado a elas.
Tempos depois, em turnê pelos Estados Unidos, encontrou uma coletânea do artista que parecia ter sido feita sob medida para um balé. "São letras apaixonadas, que expressam ciúmes falam de amor e da situação a que ele nos leva", conta.
São 12 canções e uma valsa que Pederneiras transformou em doze pas-de-deux, cada um deles protagonizado por um casal diferente, diferenciados pela cor do figurino. O cenário de luz criado por Paulo Pederneiras e Fernando Velloso delimita o espaço cênico ao projetar cubos luminosos monocromáticos de tons quentes, que se deslocam conforme o vai-e-vem da dança. Os rapazes entram em cena com sapatos sociais de verniz, camisas, camisetas ou regatas e calças de cós. As damas usam vestidos vaporosos, com fendas e decotes, e saltos muito altos.
Após a seqüência de 38 minutos de pas-de-deux, o espaço é tomado por um gigantesco cubo de espelhos, que projeta e ilumina as silhuetas dos seis casais bailando a valsa final elas em longos brancos e esvoaçantes, eles de calças e camisas negras. Um grande baile de tempos que não voltam mais.
O bailado ao som das músicas do "Gershwin Cubano" Lecuona escreveu mais de 400 canções, gravadas por artistas como Elvis Presley, Bing Crosby e Frank Sinatra dá lugar a uma imagem de devastação no espetáculo Breu.
Pequenas violências
O público, até então enlevado pelo espetáculo que fala de amor, será "atirado" ao chão juntamente com os bailarinos os mesmos da primeira montagem, agora usando malhas preto-e-brancas, tênis, muito pancake, batom negro e uma faixa horizontal na linha das sobrancelhas.
Tombados no solo, em Breu os bailarinos dão início a uma movimentação quase toda ao rés do chão, feita de quedas bruscas, lentidão nas subidas, em que é necessário o auxílio de pélvis, cotovelos, pulsos, joelhos e calcanhares. Sempre em choque, eles revelam situações de confronto vividas no cotidiano. "São as pequenas violências que a gente pratica diariamente contra nossos amantes, amigos, colegas de trabalho, vizinhos", define o coreógrafo.
A coreografia, desempenhada em meio a um cenário de azulejos negros, criação de Paulo Pederneiras, foi construída a partir da trilha sonora composta por Lenine, encomendada por Pederneiras com a recomendação: "Divirta-se!".
Com liberdade para montar uma trilha de 40 a 50 minutos como bem lhe aprouvesse, Lenine começou utilizando um arquivo com ruídos dos brinquedos sonoros de seus filhos, colecionados ao longo dos anos. Curiosamente, Pederneiras relacionou a estranheza dos sons tocados todos ao mesmo tempo à violência. O peso da instigante babel sonora de Lenine, que reuniu uma vasta gama de timbres, samplers, efeitos, citações e estilos, levou o coreógrafo a eleger a agressividade e a barbárie dos dias de hoje como tema de seu novo espetáculo.
Deprimente? Não. "As pessoas não saem pesadas do teatro porque não se mostram horrores. Fala-se da violência com certa beleza e delicadeza. O público sai calado, pensativo", conclui Pederneiras.
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