Apenas 8,7% dos municípios brasileiros têm salas de cinema. Entre 2005 e 2006 o número caiu de 504 para 482. A distribuição das salas de projeção também é desigual: das 2.078 existentes no país, 1.244 estão na Região Sudeste. Já na Região Norte o número chega apenas a 60. Esses são alguns dos dados compilados pelo Anuário de Estatísticas Culturais do País 2009, divulgado neste mês pelo Ministério da Cultura.
Entre os estados, o Rio de Janeiro lidera o ranking com o maior percentual de municípios com salas de cinema, com 41,3%, seguido de São Paulo, com 22,3%. Em termos absolutos, São Paulo (722), Rio de Janeiro (280) e Minas Gerais (192) concentram o maior número de cinemas no país.
De acordo com o secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, José Luiz Herencia, há alguns anos não havia nenhum indicador cultural no país. Segundo ele, o anuário não será um "instrumento retórico", mas vai balizar as políticas públicas do país. Ele acredita que a partir do estudo será possível estabelecer as metas qualitativas e quantitativas que vão constar no Plano Nacional de Cultura, que deve ser aprovada ainda em 2009 pelo Congresso Nacional.
"Há até pouco tempo atrás, o Ministério da Cultura era o único que não tinha um convênio com o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ] ou com o Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada]", afirmou em entrevista à Agência Brasil.
A pesquisa também levantou as informações sobre outros equipamentos de acesso à cultura como museus, bibliotecas, livrarias, grupos circenses e festivais de dança e de música. O Rio de Janeiro também tem o melhor resultado na relação entre o número de cidades que têm teatro (58,7%). No Brasil, apenas 21,20% dos mais de 5 mil municípios contam com teatros.
Sobre o hábito do brasileiro em relação ao cinema, o anuário traz a informação de que, em média, 15% da população das cidades frequentam esse locais pelo menos uma vez por mês. A pesquisa foi realizada em nove capitais. Os filmes vistos com mais frequência são os hollywoodianos (19%) e os gêneros mais assistidos são de ação e de aventura (15%) e comédias (14%).
Na avaliação de Herencia, o consumo de cultura entre a população brasileira é eminentemente doméstico. "As pessoas acessam a cultura em casa. É por isso que o consumo de DVD e o acesso à internet são práticas comuns. Elas não têm acesso aos equipamentos culturais, não têm condições mínimas, às vezes, de sair com a família para o cinema porque não têm um transporte público de qualidade, chegam lá e não têm recursos para pagar o ingresso que às vezes é caro", disse.