Tema constante na atual produção de Hollywood, a tão falada crise da masculinidade volta à baila na comédia romântica Armações do Amor. Dessa vez, o foco está em um "problema" comum na sociedade contemporânea: como os pais devem lidar com os marmanjos que insistem em não sair de casa?
Aos 35 anos, Tripp (Matthew McConaughey) vive sem maiores problemas no confortável lar de sua família, onde participa da rotina como se fosse um hóspede. Tem um emprego de vendedor de barcos e divide o tempo livre entre programas "de macho" com os amigos e paqueras despretensiosas. Quando um relacionamento começa a ficar sério, ele logo dá um jeito de escapar. Sua estratégia para afastar possíveis pretendentes é justamente escancarar o fato de que mora com os pais e é tratado como um garoto. Mais imaturo, impossível.
Preocupados e loucos por privacidade , o pai e a mãe de Tripp (vividos pelos ótimos Terry Bradshaw e Kathy Bates) resolvem seguir o conselho de um casal de amigos que passou pela mesma situação. Contratam os serviços de Paula (Sarah Jessica Parker), uma espécie de "consultora de relacionamentos" especializada em convencer rapagões a tomar seu rumo. Seus métodos são pouco usuais: envolver-se "por acaso" com a vítima (sem sexo na jogada), fazê-la acreditar que encontrou a mulher dos sonhos e, assim, encaminhá-la para a independência.
Mas Tripp não é como os nerds que Paula costuma "libertar". Atraente e esperto, ele logo conquista o coração da consultora. Ela, claro, também tem seus problemas, e por causa deles ingressou nessa profissão absurda.
Pena que o diretor Tom Dey (Showtime, Bater ou Correr) fique apenas nas boas intenções. O filme, um dos sucessos deste ano nos EUA, não se aprofunda no assunto prometido, usando-o apenas como pretexto para explorar o charme dos protagonistas. Sarah Jessica Parker esbanja carisma, ainda que os fãs de Sex and the City alertem para a semelhança entre Paula e sua personagem na extinta série da HBO. McConaughey, um pouco pior, compre a função que vem fazendo sua fama: ser o "bonitão das co-médias românticas" (quem pode recriminá-lo?). E o resto é aquela clicherama feita sob medida para o público médio sair feliz do cinema. GG
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