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“Palavroso” ou sucinto: Caibar escreve em outro ritmo | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
“Palavroso” ou sucinto: Caibar escreve em outro ritmo| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Livro

Dizem Que Sou Palavroso

Caibar P. Magalhães Jr. Edição do autor, 128 págs., R$ 25. Poesia.

Lançamento

Hoje, as 19h, na Livraria Cultura do Shopping Curitiba (Brigadeiro Franco, 2300, Batel).

Língua

A palavra que me língua

sabe a fenda que produz.

Na palavra que me beija

Fica a marca que seduz.

Na tua boca busco o norte

da palavra que me língua,

roubo o verbo, deixo o corte,

gasto a letra, morro à míngua.

Ninguém sabe o gosto

nem o silêncio, nem a ginga

da palavra que me beija

da palavra que língua

Poema de Caibar P. Magalhães Jr., parte do livro Dizem Que Sou Palavroso

Os que dizem que o poeta curitibano Caibar P. Magalhães Jr. é muito "palavroso" cometem uma parcial injustiça contra seus escritos.

Pois os poemas de Caibar podem mesmo ser "verbosos, haja vista a pena perleúda" que os escreve. Ele sabe, entretanto, escrever textos rápidos, quase como pequenas piadas, cheias de ironia.

"Há uma tendência em se fazer uma poesia no Brasil, desde os modernistas, mais rápida, mais satírica e coloquial. Ainda que alguns nomes mais prolixos tenham aparecido desde então", explica Caibar, também professor de língua portuguesa há 25 anos.

"Vivemos, porém, em uma era de comunicação rápida, urgente, imediata. A própria poesia de Curitiba foi marcada por Paulo Leminski, que tem uma coisa baseada em grandes sacadas com influência da publicidade. Admiro ambos os mundos", afirma.

Em seu segundo livro, Dizem Que Sou Palavroso, o autor se coloca deliberadamente nos dois lados.

"Há poemas pequenos, irônicos. E outros líricos, para serem derramados; teatrais, para serem declamados em voz alta", avalia.

É um material que chegou ao livro, em edição de autor, resultado de um longo processo que tem sido escrito e reescrito (engavetado e desengavetado) há pelo menos dez anos.

"A ideia é tentar criar uma verve, um jeitão de falar, uma ‘voz poética’ para ser palavroso", ri.

Este é o segundo livro de Caibar, que estreou em 1997 com a obra Janela do Avesso, publicado pela secretaria estadual de Cultura – venceu o concurso Helena Kolody na categoria poesia.

Lesma

De lá até hoje, o autor não publicou. Para ele, o amplo espaço de tempo entre um livro e outro é "virtude". "Eu sou um sujeito mais lento por natureza. As coisas estão muito aceleradas para mim", disse. Não por acaso, a lesma é um tema recorrente em seus textos e, na capa do livro, ela surge empurrando uma pedra montanha acima (um Sísifo lento). "Gosto da ideia, insolente, de andar em outro ritmo", disse Caibar.

O escritor é curitibano, mas conta ter encontrado a poesia para valer na cidade de Três Lagos, no Mato Grosso do Sul, onde viveu quando adolescente. "Tinha uma professora, a Nena, que nos incentivava a ler e a escrever", lembra.

Ela também era bibliotecária, e a biblioteca pública da cidade enchia de meninos que gostavam de ler. "Dedico este livro a ela e espero ter seguido um pouco de seu exemplo com meus alunos".

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