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Personagem principal Noctis, príncipe de Lucis no jogo Final Fantasy XV | /
Personagem principal Noctis, príncipe de Lucis no jogo Final Fantasy XV| Foto: /

“Um Jogo para fãs e novatos”. Essa frase estabelece o primeiro contato com Final Fantasy XV, lançado em novembro de 2016, pela Square Enix. Muito mais do que dizer que a experiência é abrangente o suficiente para envolver todo tipo de jogador, essa introdução demonstra uma consciência implícita dos desenvolvedores de “mudar para continuar sendo o mesmo”.

Não é novidade que a franquia, que já esteve na vanguarda do gênero RPG, andou perdendo terreno nos últimos anos para outros títulos que responderam melhor às possibilidades de mundo aberto, combates fluidos e outras possibilidades ampliadas que caíram no gosto do público e modificaram parâmetros para os consoles de nova geração.

Apresentado ao público lá pelos idos de 2006, o projeto inicialmente tinha o nome de Final Fantasy Versus XIII, e seria destinado ao Playstation 3. A versão definitiva só veria a luz do dia após dez anos de planejamento e mudanças significativas.

Quando a equipe de Hajime Tabata assumiu o projeto das mãos de Tetsuya Nomura, assumiu também todo o peso de um nome. O respeito à tradição da franquia se nota no enredo clássico – um príncipe jovem (Noctis), na companhia dos amigos Prompto, Ignis e Gladios, precisa aceitar seu legado e restabelecer o poder de sua linhagem em meio a um reino invadido. Já o forte apelo contemporâneo está em ambientar essa aventura em um vasto universo que entrelaça cotidiano, alta tecnologia e magia – nem sempre de maneira convincente –, com gráficos de encher os olhos.

Sinal dos tempos também é a aposta na expansão da narrativa para múltiplas plataformas que vão desde o filme Kingsglaive: Final Fantasy XV (não muito bem visto pela crítica), o anime “Brotherhood: Final Fantasy XV” e ainda um MMO para plataformas móveis, tudo para acentuar ainda mais as proporções épicas prometidas.

Ao longo do tempo, estão sendo lançados ainda pacotes de atualização com campanhas focadas em cada um dos personagens principais para aprofundar a experiência.

Afinal, fantasy!

Do ponto de vista do jogador – que é o que realmente interessa – Final Fantasy XV oferece múltiplas experiências. O tom de road trip no qual Noctis e seus escudeiros precisam atravessar grandes distâncias a bordo do “Regalia” – um carro de luxo que é quase um personagem tamanha sua relevância para o andamento da história – permite o desenvolvimento das personalidades e das relações entre os guerreiros. Nesse sentido, também há um grande destaque para cenas cotidianas como tirar fotos, cozinhar, acampar, enfim, praticar hobbies, que aproximam o jogador dos seus heróis e contribui para humanizá-los, mesmo em um mundo repleto de elementos fantásticos.

Essa atmosfera amena se transforma drasticamente em momentos de batalha. Armas ancestrais, magias e habilidades sobre-humanas se tornam essenciais em combates frenéticos – que podem ser meio confusos quando há inimigos múltiplos ou em mapas fechados –, cheios de exageros visuais que lembram a mecânica de títulos como Kingdom Hearts.

Por que jogar?

Para os fãs, é uma excelente chance de revisitar elementos que marcam a história da franquia. Ouvir a trilha sonora das versões anteriores ou mesmo cavalgar um Chocobo, por exemplo é sempre um convite à nostalgia. Ser responsável pelo desenvolvimento das habilidades do personagem de forma livre é outro atrativo irresistível. E quando tudo isso acontece em um mundo visualmente deslumbrante, a imersão na aventura acontece de modo bastante natural.

Positivo também é o fato da etapa de tutorial não ser obrigatória, dando ao jogador a opção de descobrir e dominar as particularidades do jogo por conta própria, o que torna as coisas bem mais interessantes para os jogadores old school, ao mesmo tempo em que mais desafiador para os novatos.

Por que não jogar?

A história, embora resgate alguns clichês da jornada do herói, está longe de ser a mais envolvente dentro da própria franquia. A mescla entre elementos medievais e contemporâneos em muitos momentos parece sobreposta e não funciona de modo fluido.

Outra questão é a empatia. Com o desenvolvimento do grupo principal muito dependente do protagonista, é difícil se aprofundar nas motivações dos demais personagens, o que não transmite a sensação de que todos sejam essenciais para o desenrolar da história.

De modo geral, não é um jogo que capaz de conduzir o gênero RPG para novos patamares mas certamente apresenta um resultado digno do nome Final Fantasy. Não há como não se deixar levar pela magia.

Veja um dos trailers oficiais do jogo

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