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Em um mercado no qual as grandes gravadoras pouco ousam, investindo apenas no que tiver retorno garantido – atualmente, registros ao vivo e seus respectivos DVDs –, a Trama, empresa de médio porte do mercado fonográfico nacional, tem se destacado com algumas iniciativas alternativas.

Neste mês, chegaram às lojas os singles das bandas britânicas Franz Ferdinand (Do You Want To) e Babyshambles (Fuck Forever). Ponta-de-lança para qualquer lançamento internacional, o formato nunca se firmou no mercado brasileiro (assim como os antigos compactos). "A gente lança singles desde o começo da Trama. É uma grande perda de tempo esse mercado nunca ter ido para frente no Brasil, pois o single é uma maneira rápida de se apresentar música ao público. E ele é interessante do ponto de vista econômico, pois em vez de se investir em um álbum inteiro de uma banda nova, pode-se gravar três ou quatro singles de bandas diferentes, para depois ver como elas vão se sair", comenta João Marcelo Bôscoli, diretor da gravadora.

Ele informa que o disquinho do Franz Ferdinand já está na segunda tiragem – cada lote é lançado com mil cópias. "Pode parecer perfumaria para alguns, mas para a gente que gosta, vive de música, o single é realmente a grande graça do negócio. É um lado gostoso do entretenimento", lembra, afirmando não ter lançado mais singles em CD por causa do desenvolvimento da internet – a empresa acaba optando por "singles virtuais", disponíveis para serem baixados direto do seu site (www.trama.com.br).

mp3

Acreditando no mp3, a Trama lançou em outubro o primeiro CD nacional no formato, contando com cem músicas de vários nomes do cast da gravadora – o disco inclui desde Caju e Castanha e Jair Rodrigues até o DJ Patife. A intenção da "salada musical", segundo Bôscoli, foi mostrar que o mp3 pode ser utilizado por qualquer artista, não apenas por aqueles ligados ao mundo da música eletrônica ou ao pop-rock. Os próximos registros da gravadora no formato deverão ser mais específicos – coletâneas temáticas ou de um determinado grupo.

Outra novidade foi o lançamento do CD de estréia da banda paulistana Cansei de Ser Sexy, que inclui um CD virgem para o comprador copiar o próprio registro e repassar para outras pessoas. A experiência pode se tornar padrão nos próximos discos da Trama. "Gostamos da idéia e ela foi bem aceita pelos lojistas. Para nós, o mp3 só ajuda. Somos contra o DRM (nova tecnologia contra a pirataria de propriedade intelectual, utilizada pelas grandes gravadoras), achamos isso uma besteira. Acreditamos no mp3 como ferramenta de promoção, de difusão de música", observa o diretor.

Bôscoli lembra que álbuns de Fernanda Porto e Nação Zumbi já estiveram disponíveis na internet na época de lançamento, obtendo mais de 50 mil downloads cada um. "Vendemos mais discos desses artistas na época. Não consigo enxergar um problema no mp3. O problema foi a indústria não ter abraçado esse formato desde o começo. Ela perdeu a chance de apresentar o mundo da internet aos consumidores, de faturar bilhões", analisa Bôscoli.

Ainda na área do mp3, a empresa paulista mantém o Trama Virtual (www.tramavirtual.com.br), aberto a qualquer banda, que pode apresentar algumas de suas músicas para serem baixadas pelos usuários da rede – não há qualquer critério de seleção para a participação, é só enviar as canções ao site. "O Trama Virutal não resolve a vida de ninguém, mas ajuda a carreira de quem está começando. A banda apresenta seu material em um lugar acessado por cerca de 30 mil pessoas por dia, todas interessadas em música nova de verdade", informa o diretor.

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