Quando terminou A Favorita, fiz a promessa: novela "das oito", nunca mais. Não que tivesse algo contra. Ao contrário. Novela, principalmente "das oito", é muito bom. Mas eu precisava daquela (quase) uma hora para ler, ou correr, ou pensar, ou fazer qualquer outra coisa. Não iria ceder.
Nem acompanhei o início de Caminho das Índias. Jurei que faria de tudo para nem tomar conhecimento de enredo, atores, de nada. Mas, nesse meio tempo, tornei-me pai. Atchá.
O tempo passou. Nem lembro de como foi, mas uma noite eu carregava o pequeno Vitor no colo. O aparelho de tevê estava ligado e, de repente, o bebê ficou hipnotizado: era a vinheta de abertura. Não sabia se era pela música ou pela imagem. Are baba.
Noite após noite. De segunda a sabado. Pois é, passei a ficar com o Vitor (hoje com quase 10 meses) no colo, diante da tevê. Mas, se o pequeno gostava (e ainda gosta) apenas da vinheta, eu me deixei levar. Até para, também, conferir as outras breves vinhetas, entre os comerciais. Namastê.
Mais do que ver a novela, tornei-em um sujeito com repertório para poder participar dessa comunhão que é comentar a novela. Os que não a assistem, e não sabem quem é o Radesh, ou que nunca ouviram a expressão baguan keliê, podem estar perdendo muito.
Alguns dos momentos mais engraçados que dividi com colegas da redação foi comentando episódios de Caminho das Índias. A dança, propositalmente errada, que Chanti (Carolina Oliveira) fez para não ser aceita por um marido arranjado foi uma situação mais do que hilária e até hoje a Annalice Del Vecchio, a Juliana Girardi e eu rimos disso.
Seria chover no molhado falar, mas é mais do que óbvio que a trama é muito bem articulada. Os atores e atrizes, ótimos. O choque entre a cultura brasileira e a indiana, pelo menos como vem sendo relevado pela novela, é algo muito sedutor. É difícil resistir. Atchá.
Curioso foi saber que Glória Perez (a autora) leu Todos os Cachorros São Azuis, livro em que o poeta Rodrigo de Souza Leão, morto recentemente, confessa os dramas da esquizofrenia, antes de construir o personagem Tarso, magistralmente interpretado pelo ator Bruno Gagliasso.
A malandragem, como se vê na novela, não é exclusividade brasileira, por exemplo, de um César (Antonio Calloni): o que dizer das manobras de um Opash (Tony Ramos) para esconder o filho que o seu filho Raj (Rodrigo Lombardi) teve fora do casamento? Tik. Tik.
Até o CD com as músicas indianas da novela toca, sem parar, no aparelho de som lá de casa. E se surgisse uma eventual viagem para a Índia? Não, mas não mesmo. Como eu poderia deixar o Brasil, mais que isso, como eu poderia não ver a novela "das oito"? Baguan keliê!
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