Aos 56 anos, sambista tem mais de 700 músicas gravadas, entre elas “O Show tem que Continuar.”| Foto: Washington Possato/Divulgação

Arlindo Cruz é uma espécie de administrador do legado do samba brasileiro. Compositor dos mais ativos, figura pública influente e intérprete de estilo inconfundível, cabe ao corpulento sambista o papel de aproximar as gerações do gênero mais popular do país.

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Missão que afirma “aceitar envaidecido” e sobre a qual criou o conceito de seu álbum mais recente, “Herança Popular”, cujo repertório Arlindo vai apresentar nesta sexta-feira (14) no Vanilla Music Hall (Rua Mateus Leme, 3690).

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“Começo falando de Candeia e Cartola e termino cantando com o Mr. Catra. O disco tem a ideia de contemplar todo este ambiente do samba que é tão amplo”, afirma Arlindo.

No show, ele promete misturar as músicas do novo trabalho, como “Não Penso em Mais Nada”, a seus grandes sucessos, como “O Meu Lugar “e “O Show Tem Que Continuar”, além da releitura de clássicos do gênero.

Começo falando de Candeia e Cartola e termino cantando com o Mr. Catra. O disco tem a ideia de contemplar todo este ambiente do samba

Arlindo Cruz, cantor e compositor.

Falante e bem-humorado, o artista filosofa sobre o samba ser a melhor maneira de informar as mudanças de modos e costumes que acontecem no país de forma cada vez mais rápida. “Desde o tempo do Noel Rosa, o compositor de samba é um cronista atento ao que está acontecendo naquele exato momento na vida do povo”, observa.

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Como exemplo, ele recria instantaneamente o primeiro samba gravado, “Pelo Telefone”, por Donga, em 1917. “A letra dizia: o chefe da polícia pelo telefone manda avisar que tem uma roleta para se jogar. Hoje eu faria: ‘te mandei um zap-zap chamando para jogar videogame lá em casa. É o sinal dos tempos”, brinca. “O linguajar do brasileiro está sempre se renovando e o samba serve para registrar esta forma de falar que não quer dizer nada, mas diz tudo”, conclui.

Em todas

Quem acompanha o mercado de discos de samba, sabe que é difícil algum trabalho não ter o dedo de Arlindo. Aos 56 anos e com mais de 700 canções gravadas, suas músicas estão nos créditos de álbuns de promessas como Rogê ou de nomes consagrados como Martinho da Vila e Alcione. “

É que eu trabalho todo dia em composição. Eu, na real, sou um compositor que também canta e toca, mas meu oficio é criar música”, esclarece.