Arte alegre em muitas mercadorias

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É possível que você tenha em casa algum objeto estampado com uma obra de Romero Britto. Uma caneta, uma toalha, uma bolsa de viagem, uma garrafa de vodka ou uma lata de panetone. O recifense radicado há quase 25 anos em Miami, nos Estados Unidos, é o autor daquelas pinturas ultracoloridas, com figuras formadas por retalhos decorados em padrões diversos como bolinhas, listras e flores. Uma de suas telas mais recentes, uma imagem da presidente Dilma Roussef, foi entregue em mãos à retratada pelo artista na última segunda-feira (14), em Brasília.

De lá, Romero Britto veio a Curitiba a convite da galeria Solar do Rosário para ministrar, na tarde de ontem, uma palestra como parte do ciclo de atualizações em moda da 5ª edição do Paraná Business Collection. O tema: como a arte pode servir para expressar sentimentos por meio de cores e imagens que refletem otimismo e provocam emoção. Tudo a ver com a ideia que o próprio artista tem do que faz. "Eu queria mudar minha vida, e a arte foi o modo que encontrei para fazer isso. Vejo a arte como um instrumento para levar esperança, alegria. Quero que ela seja música para os olhos de quem a vê", diz ele.

O garoto humilde que, depois da escola, pintava telas coloridas com o dedo, por falta de pincel, decidiu na juventude que seria diplomata. "A arte seria um hobby. Mas logo vi que aquilo não era pra mim", conta Britto. Largou o curso de Direito e decidiu se aventurar pela Europa. No Velho Continente, achou tudo preestabelecido, consolidado, e rumou para os Estados Unidos, onde trabalhou com jardinagem e em pizzarias antes de suas telas de colorido tropical conquistarem os gringos.

"A cada dia tenho mais e mais oportunidades por lá. Há coisas que acontecem que considero inacreditáveis", diz. Este ano, por exemplo, ele terá uma gigantesca escultura exposta em frente ao prédio da Warner, em Nova York.

Suas estampas coloridas fazem todo o sentido no contexto de um evento de moda – e isso não desagrada Britto. "Há mais de quatro mil anos as pessoas se enfeitam, se maquiam. A moda traz alegria", diz. Tal alegria, que ele afirma ser a essência de seu trabalho, vem sendo buscada por inúmeras empresas que o procuram para utilizar suas obras nos produtos mais diversos. O que ele acha disso? Uma oportunidade para ampliar seu público.

"Sempre gostei da pop art, que pôde ser vista por muita gente sem que fosse preciso ir a um museu. Afinal, quantas pessoas podem fazer isso?", diz. Ele não vê problemas em associar seu nome a grandes marcas. "As empresas usam a arte como uma maneira de alcançar as pessoas e ter, assim, sua marca mais vista, reconhecida", diz. Cita a grife francesa Louis Vuitton como exemplo de democratização. "Hoje, qualquer pessoa pode comprar algo dela, nem que seja um chaveiro ou uma bolsa pequena. É melhor fabricar dez mil bolsas do que vestir apenas dez pessoas. Com minha arte faço isso, incluo as pessoas", diz.