O escritor Michel Laub sobe ao palco do Paiol Literário amanhã para dizer que a literatura não serve para nada. Ao menos não "do ponto de vista de grandes mudanças coletivas". "Do ponto de vista individual, ela pode mudar e definir uma pessoa", diz o gaúcho, nascido em 1973 e autor de três romances: Música Anterior (2001), Longe da Água (2004) e O Segundo Tempo (2006), todos editados pela Companhia das Letras.
Laub aceitou o convite de última hora do jornal Rascunho, idealizador do evento, para substituir Nélida Piñon, que cancelou sua vinda a Curitiba por questões pessoais. Esta é a segunda vez que a escritora é levada a mudar de planos. A primeira foi em dezembro passado, preocupada com a crise nos aeroportos, ocasião em que foi substituída por Wilson Bueno.
Jornalista, Laub trabalhou como diretor de redação da revista Bravo!, atua como colaborador para a Folha de S.Paulo e para a revista EntreLivros, e coordena a área de publicações e cursos do Instituto Moreira Salles.
O Segundo Tempo, seu romance mais recente, é a história de um acerto de contas entre irmãos que, quase 20 anos antes, em pleno Gre-Nal do Século, a partida entre o Grêmio e o Internacional do dia 12 de fevereiro de 1989, viveram um momento decisivo em suas vidas.
Rogério Pereira, editor do Rascunho e responsável pela lista de autores que participam do Paiol Literário (confira quadro), coloca Laub entre os mais importantes da novíssima geração, ao lado de figuras como Daniel Galera e Daniel Pellizzari. Todos, aliás, nascidos em Porto Alegre. "Ele trabalha com uma simplicidade da escrita para lidar com temas complexos", afirma Pereira.
O próximo trabalho de Laub difere bastante dos anteriores. "Desta vez não trato do universo adolescente, e sim de um triângulo amoroso entre dois homens e uma mulher. O livro é narrado nessas três vozes, e isso também tem sido uma experiência interessante, já que uma ilumina a outra e enriquece os sentidos da trama", explica.
O Segundo Tempo pode ser considerado, sem dúvida, um dos melhores romances brasileiros do ano passado. Para escrevê-lo, o autor contou com a ajuda da Bolsa Vitae de Artes. Quando fala sobre literatura, Laub consegue, de certa forma, reproduzir o efeito de sua escrita. Porque é capaz de tratar temas difíceis como o sentido da arte de modo simples e preciso.
Ao admitir uma espécie de fé no poder transformador da literatura, Laub se aproxima do escritor Bernardo Carvalho, de O Sol Se Põe em São Paulo, convidado de julho do Paiol Literário. Para Carvalho, as artes fazem cada vez menos sentido porém ninguém pode impedir uns poucos "fiéis" de vê-las como uma forma de redenção possível. Laub se encaixa nesse perfil.
Serviço: Paiol Literário. Bate-papo com o escritor Michel Laub e mediação de José Castello. Teatro Paiol (Praça Guido Viaro, s/n.º, Prado Velho), (41) 3213-1340. Amanhã, às 20 horas. Entrada gratuita.
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