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Ondjaki, em umbundu, uma das línguas de Angola, quer dizer guerreiro. Um pseudônimo forte para um escritor simpático, destaque da literatura angolana. Nadlau de Almeida – como se chama, na verdade – veio ao Brasil participar da Festa Literária de Parati (Flip) e lançar a edição brasileira do livro Bom Dia Camaradas (Agir, R$29,90, 144 págs), de 2001.

Membro mais jovem da União dos Escritores Angolanos, Ondjaki também já escreveu contos – E se Amanhã o Medo; poesia – Actu Sanguíneu e Há Perdisajens no Xão; a novela O Assobiador, e o romance Quantas Madrugadas tem a Noite.

Nesta quarta-feira, ele estará em Curitiba para autografar seu livro e participar da conferência Oralidade e Escrita: Dançar com as Palavras Quietas, no Centro de Línguas da UFPR.

Como você começou a escrever? Ondjaki – Comecei com poesia, em diários meus. Mas não é possível conhecermos esse momento com exatidão, pois escrever não é rabiscar no papel. A escrita começa dentro, na sensibilidade.

Você é pintor, escritor e cineasta. Se considera um multiartista?Já não pinto. De vez em quando ainda brinco com pastel de óleo, mas é para dar a amigos ou familiares. Procuro escrever roteiros e documentários. Mas tudo isso são desculpas para exercitar a sensibilidade. A minha casa é a escrita. Não me considero um multiartista. Talvez uma pessoa com a necessidade de aprender a aceitar a sua sensibilidade.

O protagonista de Bom Dia Camaradas é uma criança que vi-ve em Luanda num cenário pós-colonial. É sua experiência particular?Sim. Nasci em 1977, dois anos depois da independência de Angola, e tive a oportunidade histórica de viver os primeiros anos de um país independente. O livro é um pouco autobiográfico, mas depois contém elementos de uma certa ficção, para que o livro fosse literário, e não um conjunto de memórias apenas.

Seus personagem fala muito dos cheiros das coisas. Qual a sua relação com os cheiros?Os cheiros fazem parte do quintal da sensibilidade e da memória. Pelo cheiro viajamos imediatamente para um lugar ou para uma pessoa. Os cheiros, e o trabalho em torno deles, são naturais em mim. Não forço, eles aparecem e eu aceito.

A literatura brasileira exerce alguma influência em suas obras?A literatura brasileira tem autores muito bons, que trabalharam os livros com muita seriedade e convicção estética. Isso impressiona-me, como também me impressiona noutras culturas. Com o Brasil existe um diálogo talvez mais fácil, porque se trata, no fundo, da mesma Língua, com referências específicas da vossa cultura, mas, felizmente, com autores que abordam aspectos humanos universais. Li Guimarães Rosa para celebrar a literatura do mundo.

Leia a entrevista completa com o escritor Ondjaki no site http://www.ondarpc.com.br/cultura

Serviço: Lançamento do livro Bom dia Camaradas, com a presença do autor Ondjaki, hoje, às 16h30. Em seguida, ele participa da conferência Oralidade e Escrita: Dançar com as Palavras Quietas, às 17 horas. Centro de Línguas e Interculturalidade – Celin da UFPR (R. XV de Novembro, 1441), (41) 3363-3354.

Luís Celso Jr., especial para o Caderno G

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