O músico Vandique Gonçalves da Silva, de 52 anos, consegue misturar a tradição do vinil com o hype de bandas recém-saídas de garagens. O curitibano adquiriu pela internet, a R$ 120, o vinil da californiana Fleet Foxes, destaque mundial com seu primeiro e homônimo álbum. As metáforas que utiliza servem para exemplificar as principais qualidades do vinil sobre outras mídias: som e duração.
"É como se o CD fosse água de torneira: é tratada, boa para beber. Mas o LP é água mineral. Tudo é água, mas uma é melhor que a outra", exemplificou o flautista, formado na Faculdade de Belas Artes do Paraná.
As comparações continuam. "É como se você fosse ao Teatro Guaíra. Se sentar na primeira fila da plateia, vai ouvir como quem ouve um vinil. Se for na última, será parecido com o CD. Parece que os músicos são maiores".
O curitibano, entretanto, já foi apaixonado por CDs (hoje tem cerca de 1.500) e lembra bem do momento em que os disquinhos tomaram o lugar dos discões, no final da década de 1980. "Quando apareceram os CDs, a grande novidade foi a questão da automatização: não precisava trocar de lado, não precisava de manutenção, e a música não tinha um ruído sequer".
Gonçalves voltou a virar do lado A para o lado B há dois anos. Seu arsenal de vinis, hoje, passa de 500 unidades, mas o músico não vê um possível "boom" do formato. "Não entendo como retorno do produto às massas. O que acontece é que pessoas compram por hobby. Até porque esses discos precisam de bons equipamentos e de mais cuidado no manuseio", comentou.
Horácio De Bonis, por sua vez, é importador de discos de vinil e trabalha com o negócio em sua casa desde 1999. Também colecionador, foi atraído pelo som "único" do bolachão e pela possibilidade de arte em cada unidade.
"As capas e suas possibilidades, além do som distinto do vinil, me despertaram interesse rapidamente", comentou o comerciante, que contabilizou 20% de vinis no total de unidades que vendeu em 2008. "Foi ano em que a coisa estourou". (CC)
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