Em dia de Ocupação Performática no Cafofo Couve-Flor é preciso acordar disposto a confrontar o novo. Os artistas que se apresentam ali são escolhidos pela novidade do que fazem, como é o caso de Porkhead ("cabeça de porco"), que o performer Ângelo Luz apresenta hoje no espaço da "minicomunidade mundial" formada por sete artistas de diferentes áreas.
Luz criou a performance cênica que une dança e artes visuais durante uma residência artística em Frankfurt, na Alemanha, e faz hoje a primeira apresentação dela no Brasil.
"Fala sobre a relação do homem com o seu alimento e o espaço que o envolve", explicou, em conversa com a Gazeta do Povo. A escolha pela figura do porco se deu pela associação do animal com sujeira, e pela curiosa transformação que ocorre quando ele é morto: torna-se alimento e motivo de festa em inglês, chega a mudar de nome, de "pig" para "pork".
Sobre a união de elementos de dança e artes visuais, ele explica que essa mistura é uma característica da produção artística contemporânea, exatamente o que Cristiane Bouger procurava quando o chamou cada edição do Ocupações Performáticas tem curadoria de um "couve", e ela veio de Nova York para isso.
Ângelo Luz estudou vídeo e fotografia na Frankfurt Stadelschule, e considera que a experiência acrescentou muito tanto à sua criação artística quanto ao entendimento das transformações por que passa a arte. "Contribuiu para que eu conhecesse um mercado diferente do brasileiro, mais estruturado."
Uma série de autorretratos de Luz foi exposta no espaço do Cafofo e, às 20 horas, começa sua performance, que dura meia hora.
Em seguida, entra em cena o poeta Ricardo Corona, que lê trechos de seu livro Curare, inspirado na mitologia dos xetás, índios que habitaram o Paraná, foram contactados apenas na década de 50 e hoje estão quase extintos. A leitura pode ser considerada uma performance, já que estará inscrita num contexto ritualístico que, para o artista, é a única forma possível de apresentá-la. "Prometi nunca mais ler poesia em público sem que esse seja um ato antropológico."
Formado em letras, com mestrado em performance, Corona apresenta poesias ao vivo desde a década de 90, e vem trabalhando principalmente com a poesia contemporânea brasileira e hispano-americana. Curare é seu sétimo livro, em vias de ser publicado.
Após as apresentações, os artistas fazem um bate-papo com o público e falam sobre suas trajetórias e processos de criação.
Serviço
Ocupações Performáticas. Cafofo Couve-Flor (R. Almirante Gonçalves, 1.084 Rebouças), (41) 3387-8522. Performance de Ângelo Luz (Porkhead) e Ricardo Corona (Carretel Curare). Dia 28, às 20 horas. Entrada franca.
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