A partir desta terça-feira e até o fim de janeiro de 2007, os pontos de maior movimento de Curitiba serão tomados por cerca de 30 vacas feitas de fibra. Elas são as personagens da Cow Parade, um dos maiores eventos de rua do mundo, criado em 1998, na Suíça. Mas na capital paranaense, terceira cidade do Brasil a abrigar a exposição, seu formato será reduzido, por conta das dificuldades da empresa promotora em conseguir patrocínio. A cota para cada animal é de R$ 35 mil.

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No ano passado, a Cow Parade foi realizada em São Paulo com 150 vacas e 50 patrocinadores. Neste ano, Belo Horizonte recebeu o evento com 51 animais e o apoio de 23 investidores. A empresa promotora, Toptrends, esperava expor essa mesma quantidade em Curitiba, mas vai utilizar apenas 30 vacas, grande parte com dinheiro próprio. "A nossa expectativa foi frustrada em relação às empresas. Há muitas indústrias locais grandes, mas elas parecem ser muito resistentes a novidades", diz a empresária Ester Krivkin. O evento, que deveria começar em 25 de outubro, foi adiado por causa das eleições, mas também para dar mais tempo da Cow Parade atrair mais patrocinadores.

"O evento é um sucesso em toda a cidade que acontece e aparece todo o tempo na mídia. A exposição de São Paulo conseguiu retorno de R$ 5 milhões apenas em mídia televisiva e atingiu 15 mil telespectadores", afirma. Segundo Ester, Curitiba é considerada uma cidade-modelo e por isso havia a expectativa de vender com mais facilidades as cotas das vaquinhas. "A gente lá de São Paulo pensa sempre em Curitiba como uma cidade mais desenvolvida, com maior nível cultural, mas não foi isso que encontramos, pelo menos não nas empresas", dispara.

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Mesmo na véspera do início da Cow Parade, a Toptrends tenta negociar mais cotas. As empresas interessadas devem escolher uma das vacas disponíveis, que já foram pintadas por artistas plásticos do Paraná. As peças serão expostas em locais de grande circulação como praças, parques, terminais de ônibus e pontos turísticos e poderão ser trocadas ao longo do evento. Na semana passada também foram feitas muitas tentativas, de acordo com Catherine Duvignau, sócia da empresa. "Há lentidão para tomada de decisões e falta de ousadia em investir em algo novo", critica. A frustração é ainda maior porque as empresas podem se beneficiar da Lei Rouanet, de incentivo à cultura, para patrocinar o evento.

Apoio

O Shopping Mueller decidiu patrocinar o evento na semana passada. De acordo com a gerente de marketing do estabelecimento, Laura Ranaldi, o apoio é uma forma de prestigiar os artistas plásticos paranaenses que produziram as vacas. "Não entramos no projeto por causa dos benefícios fiscais, mas sim por causa da nossa filosofia no quesito cultura. Como o shopping recebe um grande número de pessoas, é importante divulgar ações culturais", diz ela. Uma das vacas ficará dentro do Mueller e depois, assim como todas as outras, será leiloada.

O dinheiro arrecadado no leilão será doado para a Pastoral da Criança e entidades atendidas pela Fundação de Ação Social (FAS). "Além do engajamento com a cultura, esse projeto viabiliza também a responsabilidade social", diz. Em Belo Horizonte, a venda das 51 obras rendeu R$ 835,5 mil, de acordo com a Toptrends. Vinte e quatro cidades em todo o mundo já foram palco da Cow Parade. De acordo com dados do ano passado, o evento já arrecadou US$ 11 milhões.