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Arte que dá voz à comunidade

Português Alexandre Farto exibe na Caixa Cultural instalação feita em conjunto com moradores da aldeia indígena Araçaí, em Piraquara

Alexandre Farto com sua instalação realizada em conjunto com moradores da aldeia Araçaí: interação com o meio urbano | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Alexandre Farto com sua instalação realizada em conjunto com moradores da aldeia Araçaí: interação com o meio urbano (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Ainda faltavam muitos anos para o artista urbano Alexandre Farto nascer quando o regime autoritário de Portugal foi derrubado pela revolução de abril de 1974. Entretanto, o fenômeno político e cultural – na época, muitos murais foram pintados nas ruas das principais cidades – o influenciou fortemente. Hoje, o artista, conhecido com Vhils, traz um pouco de sua reflexão sobre o mundo e a cultura ocidentais na mostra Incisão, que será inaugurada na Caixa Cultural, às 19h30.

"Quando eu cresci, esses murais estavam esquecidos, abandonados. E havia algo poético e melancólico neles, que passavam a ideia de revolução e da história do país", relembra Farto, que começou a grafitar cedo, aos 13 anos, no começo dos anos 2000, nos arredores do subúrbio industrial do Seixal, em Lisboa. "Muitos deles eram ilegais, e o grafite me deu vontade de trabalhar com o espaço público."

Hoje, o artista de 26 anos, que estudou na University of the Arts, de Londres, trabalha com a interação de comunidades com o meio urbano, por meio da técnica de escavação. No caso da instalação que ele apresentará na Caixa, Vhils trabalhou por algumas semanas com a aldeia Araçaí, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. "São portas abandonadas e recolhidas em demolições. E deixei parte delas para eles trabalharem completamente livres", explica.

A sua intenção com o projeto – que ele já realizou em Xangai, na China, e em cidades de Portugal e da Austrália –, é dar voz para que essas comunidades, que não se encaixam no modelo globalizado, falem sobre suas dificuldades e história. "Trabalho sempre com pessoas que lutam para manter seu estilo de vida, algo muito difícil no nosso sistema social, que é muito uniforme."

Contrastes

Vhils não se utiliza mais do grafite, mas as cores fortes características da arte urbana estão presentes nas obras que estarão na Caixa Cultural, bem como o viés crítico. "Basicamente, os meus trabalhos sempre buscam essa interação com a comunidade local, além de suscitar a lembrança do quanto esse desenvolvimento industrial faz com que a gente acabe esquecendo as nossas diferenças que nos fazem tão especiais." Farto diz que a ideia é voltar a Curitiba para, posteriormente, realizar trabalhos com outras comunidades.

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