Exposição
Incisão
Caixa Cultural (R. Cons. Laurindo, 280, Centro), (41) 2118-5409. Obras de Alexandre Farto AKA Vhils. Inauguração hoje, às 19h30. Visitação de terça-feira a sábado, das 9h às 20h e domingos, das 10h às 19h. Entrada franca. Até 11 de maio.
Ainda faltavam muitos anos para o artista urbano Alexandre Farto nascer quando o regime autoritário de Portugal foi derrubado pela revolução de abril de 1974. Entretanto, o fenômeno político e cultural na época, muitos murais foram pintados nas ruas das principais cidades o influenciou fortemente. Hoje, o artista, conhecido com Vhils, traz um pouco de sua reflexão sobre o mundo e a cultura ocidentais na mostra Incisão, que será inaugurada na Caixa Cultural, às 19h30.
"Quando eu cresci, esses murais estavam esquecidos, abandonados. E havia algo poético e melancólico neles, que passavam a ideia de revolução e da história do país", relembra Farto, que começou a grafitar cedo, aos 13 anos, no começo dos anos 2000, nos arredores do subúrbio industrial do Seixal, em Lisboa. "Muitos deles eram ilegais, e o grafite me deu vontade de trabalhar com o espaço público."
Hoje, o artista de 26 anos, que estudou na University of the Arts, de Londres, trabalha com a interação de comunidades com o meio urbano, por meio da técnica de escavação. No caso da instalação que ele apresentará na Caixa, Vhils trabalhou por algumas semanas com a aldeia Araçaí, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. "São portas abandonadas e recolhidas em demolições. E deixei parte delas para eles trabalharem completamente livres", explica.
A sua intenção com o projeto que ele já realizou em Xangai, na China, e em cidades de Portugal e da Austrália , é dar voz para que essas comunidades, que não se encaixam no modelo globalizado, falem sobre suas dificuldades e história. "Trabalho sempre com pessoas que lutam para manter seu estilo de vida, algo muito difícil no nosso sistema social, que é muito uniforme."
Contrastes
Vhils não se utiliza mais do grafite, mas as cores fortes características da arte urbana estão presentes nas obras que estarão na Caixa Cultural, bem como o viés crítico. "Basicamente, os meus trabalhos sempre buscam essa interação com a comunidade local, além de suscitar a lembrança do quanto esse desenvolvimento industrial faz com que a gente acabe esquecendo as nossas diferenças que nos fazem tão especiais." Farto diz que a ideia é voltar a Curitiba para, posteriormente, realizar trabalhos com outras comunidades.
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