Atualmente, 627 espécies da fauna brasileira são oficialmente reconhecidas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) como ameaçadas de extinção. Informações científicas sobre todos esses animais estão listadas no chamado Livro Vermelho, uma publicação que pode ser baixada diretamente no site do MMA. Foi lá que a artista plástica curitibana Ilka Almeida Passos encontrou a inspiração necessária para sua primeira mostra individual, Animais em Perigo, que ela inaugura hoje, às 19 horas, no Espaço A Fábrika. "Escolhi os que têm mais carisma e que podem ser facilmente identificados, justamente para que as pessoas percebam que ainda há tempo de salvá-los", explica.
Em telas de 1 metro por 80 centímetros e pinceladas de cores vibrantes, Ilka retrata espécies como a onça-pintada, o mico-leão-dourado, a tartaruga-verde, o lobo-guará e o veado-campeiro, todas incluídas no Livro Vermelho e cujas vidas estão por um fio.
Mais do que preocupação ambiental, o tema da mostra está diretamente relacionado com a própria história de vida da artista, que, assim como os animais ameaçados, teve sua "extinção" decretada há seis anos, quando foi diagnosticada com câncer. "O médico disse que se eu sobrevivesse, teria poucos meses de vida. Cheguei até a organizar uma festa para me despedir dos meus amigos. Mas estava decidida a viver", relembra, emocionada.
Além do apoio de pessoas queridas, a arte teve um papel fundamental no processo de recuperação de Ilka, que recebeu alta apenas no fim do ano passado. Foi em meio às tintas e os pincéis que ela encontrou meios de expressar o que passava por sua cabeça, naqueles dias que ela chegou a pensar serem os últimos de sua vida. "Meus quadros desse período refletem exatamente o estado confuso que eu vivi", aponta.
Trajetória
Apesar de ter se intensificado durante o período de turbulência, a pintura, "surgiu de dentro para fora" na vida de Ilka muito tempo antes de sua doença.
Ainda criança, a artista que prefere não revelar sua idade para não levar bronca de suas quatro irmãs iniciou seus estudos de cerâmica e pintura na Escolinha de Arte da Biblioteca Pública do Paraná, na época em que era administrada pelo pintor Guido Viaro. No Museu Alfredo Andersen, foi aluna do artista plástico egípcio radicado em Curitiba Alberto Massuda, que ela considera seu grande tutor: "Mesmo depois que terminei o curso, continuei levando meus trabalhos para ele e pedindo sua orientação. Era um crítico duro, franco e sincero", descreve.
Os estudos formais em arte foram interrompidos para dar lugar a uma carreira na advocacia, mas Ilka nunca parou: fez cursos de mosaico, confecção de máscaras e técnicas variadas, até o momento de sua aposentadoria, quando a pintura passou de hobbie a profissão. "Nunca deixei de pesquisar e de me manter atualizada", conta a artista, atualmente cursando pós-graduação em Artes Visuais, na Faculdades de Artes do Paraná (FAP).
Serviço
Exposição Animais em Perigo, de Ilka Almeida Passos. Espaço A Fábrika (R. Fernando Amaro, 154). Dia 25, às 19 horas. Entrada franca. Em cartaz até 10 de dezembro.
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