Há quem acredite que as pichações são uma espécie de assinatura, uma marca de território que gangues utilizam para disputar o espaço urbano. Também existe a teoria de que a adrenalina de fazer algo proibido e correr riscos é o que faz com que jovens acabem por depredar comércios e prédios.
>> Vídeo: Veja como ficou um muro da Rua XV após receber a pintura
Independente do motivo, a prática dificulta a vida de quem mora ou trabalha em um local pichado. É por isso que a Associação Comercial do Paraná quer substituir os rabiscos ilegíveis por arte. A campanha "Pichação É Crime: Denuncie" foi lançada em 2012 com o objetivo de aumentar o número de denúncias a pichadores e funcionou. De acordo com a Guarda Municipal, o total de pessoas flagradas cometendo a infração aumentou 61% entre 2012 e 2013. Agora, a ACP avançou mais uma etapa e convidou artistas curitibanos para pintarem muros e estabelecimentos pichados pela cidade.
Bruno Machado,Valério Cimples, Nuno Skor, Rodrigo Level, Olho Wodzynski, Guilherme Caldas, Caio Beltrão, Thipan, Paula Ariana, Fred Freire, Luiz Fuja são alguns dos artistas que já participaram da ação. Suas obras podem ser vistas em vários locais da cidade como lojas, colégios, estacionamentos e até mesmo em alguns lugares que adotaram a iniciativa de forma independente. Na Rua São Francisco, uma quadra inteira de comerciantes recebeu arte urbana de graça nas portas de aço dos comércios.
O artista plástico e escritor Sandoval Tiburcio foi o mais recente convidado a participar da ação de "despichação". Ele, que cobriu um muro na Rua XV, conta que nunca havia pintado diretamente na parede. "Já pintei em telas grandes, mas em mural é a primeira vez. A parede tem outra textura, é uma experiência fantástica!". Auxiliado por outros dois amigos pintores, o casal Marlene e Mauro Chervinski, Sandoval representou em cores vivas o Paraná da Copa do Mundo. "Estamos vivendo um momento importante de Copa e eu quis trazer o tema, fazendo uma homenagem ao Brasil e ao nosso estado".
Para o vice-presidente das câmaras setoriais da ACP, Camilo Turmina, a participação da sociedade é fundamental para que o projeto funcione. "Nós temos o direito de morar em um local com as cores que nós gostamos. Devemos denunciar a pichação, cuidar um pouquinho mais do nosso quintal." Ele conta também que não há notícias de que esses grafites e obras de arte tenham voltado a ser pichados.
A Gazeta do Povo e a Prefeitura de Curitiba são parceiras do projeto. Na Gazeta, a campanha ganhou o nome "Despiche" e foi incorporada à Política Cidadã, uma série de iniciativas para promover o cuidado do patrimônio público e incentivar a participação popular na melhoria dos serviços.
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