De 16 de junho a 15 de julho na Teix Galeria (R. Augusto Stellfeld,1581, Curitiba). De segunda a sexta, das 10 às 19h, e sábados das 10 às 17h. Entrada gratuita.
Na hierarquia da máfia russa, o sujeito que segue a risca o código de ética da organização é chamado de “santo”. Nas escolas e famílias brasileiras, o menino aplicado e bem comportado também.
Essa dualidade entre o que há de pior no lado “errado” e o que é o bem extremo do lado “certo” é a ideia que move a exposição “Santos da Rua”, do artista plástico Douglas Xamã, que será aberta nesta quinta-feira (16), na Teix Galeria, em Curitiba.
Na mostra, Xamã reúne onze pinturas que retratam ícones do crime organizado. Personagens reais como os capi da máfia italiana nos EUA: Al Capone, Lucky Luciano e Jon Gotti. Há também criminosos “lado B” como Stephanie St. Clair, a “Madame Queen”, líder de uma gangue feminina no Harlem, Nova York, no começo do século 20. E até representação de gângster em cinema como Virgil Solozzo, o primeiro inimigo morto por Michael Corleone no filme “O Poderoso Chefão”.
O crime organizado brasileiro está representado na figura de Castor de Andrade (1926-1997), o mais famoso e poderoso banqueiro do jogo do bicho no Brasil. “Castor foi talvez o único mafioso brasileiro com código de conduta, que cuidava do pessoal da área dele e da família”, disse Xamã. “Ele investia no futebol e no carnaval ainda que perdesse dinheiro, pois sabia que fazia a alegria do povo”.
Integridade
Xamã diz que seu trabalho não é apologia ao crime, mas sim uma provocação para mostrar que, dependendo do ponto de vista, todos somos criminosos em potencial dependendo da circunstância social.
Exposição “Santos da Rua”
De 16 de junho a 15 de julho, na Teix Galeria (R. Augusto Stellfeld,1581). De segunda a sexta, das 10 às 19h. Sábados, das 10 às 17h. Entrada gratuita.
“Al Capone era um contrabandista de bebidas na época da Lei Seca. Hoje, seria um grande empresário”, compara . “Tem muita gente que posa de bom cidadão, mas que dirige bêbado, rouba dinheiro publico, bate na mulher. Quem é o criminoso?”.
O artista criado “nas ruas” da Lapa, bairro da zona oeste de São Paulo, destaca que há uma ligação entre todos os retratados: a integridade. “Cabe a essas pessoas honrar seu grupo, ser um membro exemplar e de confiança, e não trair ou faltar com respeito à família”.
“Há nas ruas das grandes cidades uma coisa velada, uma lei que ninguém precisa te dizer que existe você sabe. Estes caras [os mafiosos retratados na exposição] entenderam isso”, afirma Xamã.
As obras feiras em papel Fabriano com caneta hidrográfica, nanquim e aquarela trazem sempre uma frase dita pelo retratado. Os quadros ficam expostas até o dia 15 de julho.
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