Desde o começo de sua carreira, em meados dos anos 2000, o artista paulista Marcelo Moscheta tinha interesse pela natureza e lugares remotos, onde consegue coletar objetos incomuns para inserir em seus trabalhos.
Por isso, não foi nenhum esforço quando ele foi convidado pela SIM Galeria para passar um período em fevereiro deste ano, em um sítio em Colombo – na região metropolitana de Curitiba.
A estadia rendeu obras inéditas para a mostra “Carbono 14”, em cartaz na galeria, inspirada em um dos nossos símbolos, a Araucária, até outros trabalhos mais antigos, como “Linnaeus”, feita por Marcelo junto com o pai, botânico, com as nomenclaturas científicas dos vegetais da amazônia.
O artista brinca com o lado científico e lúdico da natureza em seus trabalhos, a exemplo da “Biblioteca cromo-agronômica”: ele relacionou várias espécies de plantas com as cores da cartela Pantone, fazendo uma espécie de crítica ao trabalho científico.
“A obra do Marcelo não ignora o conhecimento, mas abre possibilidade para o encantamento com a natureza”, diz o curador Paulo Miyada, do Instituto Tomie Ohtake, autor do texto de apresentação do livro homônimo sobre a mostra (a obra, editada pela SIM, é distribuída gratuitamente para os visitantes).
Paraná
As influências dos dias que passou no estado aparecem em três séries: “Carbono 14”, que intitula a exposição, apresenta 14 desenhos através de papel carbono, todos de árvores brasileiras.
Gosto da apreensão sensata e sensível das coisas. Quando fala a cabeça e a alma. Esse equilíbrio me interessa muito, e é esse aspecto que norteia a minha estética, de tratar da paisagem sensível e racional.
O artista já havia pensado o projeto antes da viagem ao estado, mas acabou elaborando os desenhos depois, com as referências da paisagem paranaense – todas as obras parecem uma espécie de raio-x das árvores.
Mostra
SIM Galeria (Al. Pres. Taunay, 130A – Batel), (41) 3322-1818. Visitação de segunda-feira a sexta-feira das 10h às 18h. Sábados, das 10h às 15 horas. Até 1º de agosto. Mais informações no Guia.
Em “Bicho do Paraná”, Marcelo realizou intervenções com guache e colagem de objetos (como réguas e compassos) em fotografias que fez das araucárias. “Parece um estudo científico, mas é um estudo gráfico que enfatiza a geometria das árvores”, explica o artista. Na mesma sala, ele expôs como objeto três partes de uma cerca de madeira da chácara onde se hospedou. “Essa é uma exposição vegetal. Trouxe as madeiras pensando que um dia foram uma árvore, e já tiveram outras utilidades”, diz Marcelo.
Na vitrine da galeria, dois painéis batizados de “A.A.A” trazem, em 90 pequenas fotografias que formam cada um dos quadros, as diversas nuances de um tronco de araucária, e remetem à catalogação, como se fossem “arquivos de biblioteca”, lembra Paulo Myada.
A mostra fica em cartaz até 1.º de agosto.
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