Arte de David Choe, que grafitou as paredes do Facebook em troca de ações da empresa e acabou ganhando US$ 200 milhões.| Foto: Daniel Lobo/Wikimedia Commons

O ano era de 2005 quando o artista David Choe foi convidado para grafitar as paredes de mais uma empresa de informática que abria seu escritório no Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos. O orçamento ficou em US$ 60 mil (R$ 234 mil), mas o pagamento oferecido foi o lucro futuro baseado em ações da empresa.

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Choe aceitou e, sete anos depois, a aposta lhe rendeu US$ 200 milhões, de acordo com apuração do “New York Times”. Isso porque a incipiente empresa tornou-se o Facebook que, em 2012, passou a valer US$ 104 bilhões ao lançar suas ações na bolsa de valores.

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“O Facebook me trouxe mais fama, sim. Diria umas três vezes mais. Mas não falo mais disso”, disse o artista, enquanto se preparava para grafitar uma parede no morro do Vidigal, zona sul do Rio.

Filho de coreanos, Choe nasceu em 1976, em Los Angeles, nos Estados Unidos, e passou sua infância no bairro Koreatown, reduto de imigrantes. “Tinha muita raiva pelas dificuldades sociais existentes. Comecei, então, aos 13 anos, a roubar spray, tintas e externar esse sentimento na minha arte, na rua”, afirmou.

“Choe é conhecido por ser um bad guy. Já foi preso, se envolveu em muita confusão. Mas tem uma arte com traços delicados, com temas mais pessoais, mais psicológicos. É um artista reconhecido e com trabalhos já expostos em vários locais importantes”, afirmou Baixo Ribeiro, curador de arte urbana.

Obra de David Choe. 

De acordo com o seu agente, Matt Revelli, antes do episódio da renda das ações do Facebook sua arte já era avaliada em cerca de US$ 3 milhões.

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Copacabana

No Brasil, o artista veio prestigiar a exposição “Rito”, do amigo Herbert Baglione, em cartaz até 19 de novembro na Galeria Movimento, em Copacabana, zona sul do Rio.

“Somos como irmãos. Mesmo distantes temos pensamentos, traçados iguais, até ideias semelhantes. Nos conhecemos há 10 anos em Paris. Na época, ele não falava inglês mas conversamos pela nossa arte, grafitando juntos”, disse.

Indagado se possui alguma marca na sua arte, Choe cita que abusa das cores. “Gosto das cores. Mesmo para o lado sombrio. Não possuo bomb [assinatura típica de grafiteiros]. O Herbert também não. Arte não é posse”, afirmou, usando uma blusa em que estava uma foto do seu rosto repleto de diversas tintas.

Para Baglione, a parceria com o amigo vai firmar uma nova fase na sua arte. “Sai de uma depressão após me envolver demais com o trabalho ‘1000 Shadows’, em que pintei sombras em locais sombrios, como em um manicômio na Itália. Quero transmitir agora algo bom para o espectador”, disse o paulista, que participou no último final de semana do O.bra Festival, projeto que tomou a fachada de prédios na região do largo do Arouche, no centro da capital.

No morro do Vidigal, a dupla começou um projeto: pintar um pedaço de um personagem em diferentes países. “Um braço aqui, a perna lá. A ideia é mostrar que a arte é única, influenciada por diferentes culturas. A próxima parada é o Camboja”, afirmou Baglione.

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