A imagem de Che Guevara já estampou calcinhas em desfile de moda. Agora é a vez de Frida Kahlo se tornar um ícone que transita entre a política, a moda e a arte: sua estética tem sido requisitada para falar sobre a resistência americana e a força das mulheres, na divulgação de sua obra e em releituras.
Em meio a essa tendência, a escolha do paranaense Paulo Meirelles por transformar o rosto da mexicana, com as vibrantes cores do México, numa bonequinha tipo Betty Boop causou polêmica. Quando postou imagens de sua série “Viva la Vida” no Instagram, alguns seguidores se manifestaram negativamente, questionando a associação da pintora latina com a ideia de “boneca” e feminilidade.
Os quadros estão expostos no Shopping Pátio Batel no espaço LabModa (piso L2), que vende marcas autorais de acessórios e roupas. “Esbarrei em Frida e me identifiquei com o colorido o engraçado dela, e fui mergulhando cada vez mais”, explica Meirelles. São 37 quadros no total, que releem os muitos autorretratos de Frida.
Veja alguns dos quadros expostos
Alguns usam colagens de tecido, aviamentos e pedraria – como em boquinhas feitas de botão de coração, recorrentes nos pequenos quadrados estampados com o rosto da pintora mexicana. “O minimalismo no formato é porque o conteúdo é tão repleto”, cogita Meirelles. Alguns quadros trazem ainda pinturas a óleo em formato maior.
Outra característica da obra de Frida presente na leitura elaborada por Meirelles é a divulgação da cultura mexicana, com a presença de caveiras que lembram a celebração dos mortos e da natureza local.
Somente um quadro é propriamente uma releitura, fazendo alusão a uma obra específica de autorretrato da mexicana. As demais trazem humor para a estética da artista, como por exemplo num quadro em que ela pinta a si mesma dentro da banheira.
Shopping Pátio Batel (Piso L2). Visitação das 10 às 22 horas. Entrada franca.
O traço biográfico mais frequente nas abordagens sobre a obra de Frida Kahlo é a relação que essa mulher teve com a dor – vítima de um acidente de ônibus, ela sofria com as sequelas deixadas em sua coluna e muitas vezes usou esse tormento como tema de quadros potentes. Esse elemento é citado de forma sutil na série criada por Meirelles. “Me surpreendi com uma inscrição dela: “viva la vida”. Pensei ‘como uma mulher que sofria tanto podia ser assim positiva’?”, relembra o artista. Daí surgiu o título da série.
Alice
Passando das referências reais ao mundo ficcional, uma vitrine também instalada no LabModa apresenta uma leitura do universo da Alice de Lewis Carroll, toda feita em crochê. Estão lá o gato, o chapeleiro maluco e vários dos surreais seres dessa importante obra infantil.