Se você fica no escuro quando visita uma exposição de arte contemporânea, as principais obras da próxima Bienal Internacional de Curitiba, que abre dia 3 de outubro e fica em cartaz até dezembro, irão agradar.
Não só pelo trocadilho: elas lidam de formas variadas com a ideia de luz, tema da mostra desse ano (“Luz do Mundo”).
Também porque, de acordo com o curador Teixeira Coelho, dispensam maiores interpretações ou teorias.
Para curador, precisamos de mais “luz”
O principal motivo para a escolha do tema da luz, que norteia a Bienal, é dar lugar à “beleza explícita”. O curador Teixeira Coelho lamenta que ela esteja em baixa no mundo todo
Leia a matéria completa“A maior parte das obras tem uma proposta direta, imediata, que pega a pessoa pelo sentido”, garante o professor e escritor, que conversou com a Gazeta do Povo. “Se você se entregar à experiência, ela vai pegar você. Mas não se só passar o olho correndo, como as pessoas veem a maioria das coisas.”
Essa arte luminosa estará espalhada pela cidade durante dois meses. Haverá um circuito de museus, com destaque para o Oscar Niemeyer (MON), mas também obras em galerias, espaços culturais e em projeções em fachadas de prédio.
Alguns artistas vêm com uma obra única que se assemelha a uma instalação, cujo suporte, em muitos casos, são tubos de led e outras lâmpadas.
Outros, como é o caso da gaúcha Regina Silveira, usam a luz como conceito: ela escreve “luz” de várias maneiras em 60 idiomas. Uma projeção dela, criada para a Bienal, estará na fachada da Gazeta, diante da Praça Carlos Gomes. Outra, nas paredes externas do shopping Pátio Batel.
Locais ainda mais populares receberão o toque da arte, como a Catedral: em um dos corredores da basílica, o nova-iorquino Bill Viola vai expor um de seus trabalhos, inscrito numa carreira marcada pela espiritualidade.
Artistas pioneiros no uso da luz como elemento estarão presentes, inclusive fisicamente.
O franco-argentino Julio Le Parc deve vir à cidade e ser homenageado. Seu trabalho irá ocupar a principal sala de exposição de Curitiba, que é o Olho do MON.
Desde que foi “cegado” para a exposição de obras japonesas, o interior se apresenta bastante escuro, ideal para as ofuscantes lâmpadas de Parc.
Ele dividirá o espaço com a arquiteta Yumi Kori, cuja especialidade é alterar ambientes com a luz.
Outras salas do museu receberão obras da Bienal, e o italiano Carlo Bernardini terá uma obra no gramado externo do MON.
Evento vai ocupar vários locais e ocorre entre os dias 3 de outubro e 6 de dezembro.
A peça mais interativa desta mostra estará no Palacete dos Leões. Trata-se de uma instalação de Anthony Mccall, em que a luz atravessa gelo seco de forma a criar figuras, e quem desejar poderá intervir colocando a mão ou o corpo no caminho. “As pessoas adoram colocar a mão na arte, e ele parte desse princípio”, explica Teixeira Coelho.
A luz tem relação também com outros trabalhos de forma menos óbvia, como nas esculturas do sueco Lars Nilsson, que são opacas, ou seja, têm “ausência de luz”. “É imediatamente angustiante”, opina Teixeira Coelho.
Após a inauguração, visitas guiadas poderão ser feitas ao longo do percurso MON–Fiep–Palacete dos Leões.
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