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O time do Coritiba campeão de 1916: uniforme de jogo e sapatos de couro. | Reprodução
O time do Coritiba campeão de 1916: uniforme de jogo e sapatos de couro.| Foto: Reprodução

Em 1914, cinco anos após sua fundação oficial, o Coritiba Foot Ball Club vencia o primeiro título de sua história, de campeão da liga da Associação Paranaense de Sports Athléticos. Na foto oficial, o escrete formado por Carlos Glaser, Maxambomba, Kaiser, Ricardo Thielle, Fritz Essenfelder, Meneghetti, Ritzmann, Adolfo Najuocks, Jacob Hey, Kurt Frederich e Agnelo posa de uniforme completo: camisa branca de algodão com o escudo do clube na altura do coração, calções e meiões pretos e... sapatos de couro pretos.

“O Coritiba foi campeão jogando de botas, depois de rede na cabeça e joelheira de algodão cru”, conta o advogado, jornalista e memorialista Luiz Renato Ribas, autor de Glória de Campeão, livro-álbum que reúne de forma inédita fotos dos 43 títulos conquistados pelo clube em sua história. Estão lá imagens de todos os elencos vencedores do time, de 1916 a 2013, incluindo as maiores glórias de sua existência: o Torneio Fita Azul, de 1972, e, naturalmente, o Campeonato Brasileiro de 1985.

Glória de Campeão

Edição do Autor

Luiz Renato Ribas

50 páginas

R$ 50

À venda nos shoppings centers Pátio Batel e Palladium ou pelo site

Os detalhes dos uniformes, os adereços dos jogadores e os penteados típicos de cada década são as marcas mais fortes da transformação da cultura do futebol ao longo do século. Em 1931, o goleiro Rei jogava de camisa de manga comprida preta e boné de lã. Em 1951, os penteados do time vencedor eram dominados pela brilhantina. Já na década de 1970, os elencos ostentam gloriosos mullets, cabelos curtos na frente e em cima mas cuidadosamente cultivados atrás.

Mas não são somente essas as marcas da história do futebol observáveis em Glória de Campeão. Outros aspectos demonstram as mudanças na forma como a sociedade, ou mais especificamente a torcida, passou a se relacionar com o “velho esporte bretão” ao longo dos anos.

A prova mais marcante talvez seja a foto do time campeão paranaense de 1935, em que, em meio ao elenco coxa-branca formado por nomes como Pizzatto e Pizzattinho, aparece um sujeito vestido com a camisa do arquirrival Atlético, sem qualquer drama ou protesto. Algo absolutamente inimaginável nos dias de hoje.

Também o registro do time vencedor da taça de 1941, em que um grupo de senhoras devidamente vestidas com seus chapéus sociais aparece na foto junto ao elenco de futebolistas. “Eram as mulheres dos jogadores, que eram torcedoras do Coritiba. Hoje essa participação diminuiu muito”, diz Ribas.

“O Coritiba foi campeão jogando de botas, depois de rede na cabeça e joelheira de algodão cru”

Luiz Renato Ribasautor de Glória de Campeão

Ribas – atleticano de coração, mas “jornalista acima de tudo” – decidiu publicar o livro depois que o fotógrafo Humberto Utrabo mostrou sua coleção particular de fotos do Coritiba. Utrabo tem o registro de muitos momentos da história do Coritiba, em fotos feitas por ele mesmo e reproduções de outras que encontrou ao longo de seus anos frequentando o estádio Couto Pereira. Para completar o álbum, correu arquivos do Diário Popular, da Gazeta do Povo, da Tribuna do Paraná e da revista Placar. Depois, para identificar cada um dos rostos que aparecia nas fotos, pediu auxílio à memória de pesquisadores, ex-jogadores e roupeiros do clube.

Em 1927, ao invés de tatuagens e cabelos descoloridos, a moda eram redinhas para o cabelo e joelheiras de algodão.Reprodução

As imagens mais difíceis de localizar, diz Ribas, foram as do campeonato paranaense de 1952 e do Festival Brasileiro de Futebol de 1997 – torneio sui generis organizado naquele ano pelo SBT e que nunca mais foi realizado de novo. “Ninguém tinha essa imagem. Procuramos com jogadores, repórteres e nada. Ela chegou numa resolução ridícula. Filtrei, editei e corrigi o que pude. Mas ela não me causa constrangimento, porque tem uma história, e cada foto nesse livro tem sua história”, afirma Alexandre Freire, colaborador de longa data de Ribas que trabalhou no tratamento das imagens do livro.

A foto preferida do organizador do álbum é a do título mais recente do Coxa, o campeonato paranaense de 2013, que fecha o livro. De autoria do fotógrafo Brunno Covello, a imagem mostra todo o elenco daquele ano, incluindo o capitão Alex, crianças e membros da comissão técnica à frente de uma grande estrela dourada – alusiva ao título de 1985. “É uma imagem com muita descontração, misturando torcedores, massagistas, jogadores. Não foi uma coisa posada, foi na alegria”.

  • No registro do primeiro título da história do alviverde, a pose de gala só era completa com sapatos de couro.
  • Redinhas na cabeça: moda ou funcionalidade? “Eles usavam porque eram cabeludos”, explica Luiz Renato Ribas.
  • No registro marcando o Campeonato Paranaense de 1941, no gramado do estádio Belfort Duarte, senhoras misturam-se aos craques.
  • Não bastasse levar um cachorro para o campo, o craque Paulista levou um cachorro vestido.
  • O inesquecível elenco formado por André, Edson, Marco Aurélio, Gil, Hélcio, Zé Carlos, Marildo, Toby, Rafael, Lela, Almir, Gomes, Heraldo, Luizinho, Vavá, Índio e Jairo.
  • No título mais recente, uma reunião da “família coritibana” com a estrela de 85 ao fundo.
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