O artista plástico francês Paul Garfunkel (1900- 1981) aportou no Brasil em 1927. A partir de então, percorreu o país criando empresas que viraram mais folclore do que lucro até conseguir se voltar unicamente à pintura, na década de 1950.
Viajante vocacional, dedicou-se principalmente a desenhar com seu traço impressionista o Brasil que descobriu.
Nesta quinta-feira (16), às 19h30, no Museu Guido Viaro, a mostra “Paul Garfunkel- Pintor Viajante” passa a exibir 70 de suas obras, muitas delas inéditas, entre óleos, aquarelas e desenhos. As obras mostram cenários, animais, paisagens, arquiteturas e pessoas que Garfunkel encontrou em suas andanças.
“Ele só sentia vivo quando estava rabiscando e deixou muitos cadernos de desenhos do cotidiano de todas as regiões do Brasil por onde passou”, disse o neto Luca Rischibieter, que atualmente guarda a obra do avô.
A exposição tem curadoria do paulistano Antonio Carlos Suster Abdalla, que mergulhou no acervo da família em duas visitas a Curitiba. Ele se disse surpreso com a “sensibilidade inusual” do pintor em rabiscar as cidades por onde passou e as pessoas que as habitavam.
O curador insere Garfunkel na tradição de “pintores-viajantes”, artistas cuja produção encontra-se ligada ao ato de viajar e que produzem desenhos e pinturas realizadas com vocação documental.
Assim, Abdalla vê semelhanças entre a produção de Garfunkel e de artistas europeus como Jean Baptiste Debret (1768 -1848) e Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830), entre outros que fizeram “registros iconográficos e humanos do Brasil” no século 19.
Abertura: quinta-feira (16), às 19h30, no Museu Guido Viaro (R. XV de Novembro, 1348).
Visitação até 29 de abril, das 14h às 18h (o museu fecha aos domingos e segundas-feiras)
Entrada franca
Sem clichê
O curador, porém, destaca uma diferença: enquanto os primeiros pintores-viajantes se encantaram com a vegetação e população “exóticas”, Garfunkel ampliou seu universo até os núcleos urbanos, já consolidados no Brasil no início do século 20.
“Em sua passagem por várias pequenas cidades foi um verdadeiro desbravador e, com seu desenho sintético e certeiro, um grande ‘fotógrafo’ do dia a dia da vida por aqui”, disse.
O neto Luca ressalta que o avô era um “flaneur que mergulhava no Brasil e era muito livre em sua arte, mas sem a visão superficial do estrangeiro”.
“Ele capta a essência com poucos traços, uma representação impressionista da realidade sem estar preso a nenhum clichê sobre o país”.