“O experimento sempre vai te levar a uma nova descoberta”, afirma o inventivo artista Marcelo de Melo, que inaugura sua primeira exposição individual em Curitiba nesta quinta-feira (03). Intitulada “Narrativas Infecciosas”, a mostra fica em cartaz até o dia 19 de março no Museu Guido Viaro.
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Radicado na Europa há 20 anos, o paranaense apresenta uma extensa pesquisa sobre arte musiva, com obras inéditas e outras desenvolvidas ao longo de sua prolixa carreira. “Entrei em contato com a arte musiva quando estudava arqueologia clássica”, conta o artista.
A mostra reúne obras que apresentam o mosaico enquanto prática artística, em que as pequenas peças coloridas transcendem seus limites decorativos e são recontextualizadas aos movimentos contemporâneos de arte.
Na série “Corpos Musivos”, o artista lida com a relação quase inseparável do mosaico com a iconografia religiosa. Já a série “Narrativas Infecciosas”, que dá nome a exposição, é baseada no envolvimento pessoal do artista com a arte musiva. “Foi como se eu tivesse adquirido um vírus. Comecei e não consegui parar”, revela Marcelo.
Em ambas as séries, o tema da contaminação é explorado, tanto química quanto memética, isto é, ideias que são transmitidas facilmente, como um vírus. Os trabalhos exploram a cultura enquanto conceito microbiano, ou viral, e cultura como atividade humana. “Minha pesquisa envolve a contaminação de ideias, em que os materiais referenciam uns aos outros”, ressalta.
Em Curitiba, o artista apresenta trabalhos inéditos, como a instalação “AEDES”, que trabalha com o medo coletivo de um vírus. São quarenta e nove copos d’água que sugerem a criação de mosquitos transmissores no interior da galeria.
Metodologicamente, o trabalho do artista se liga com a experimentação artística e a transfuncionalidade da arte. Suas obras fazem referenciam valores culturais, globalização, tecnologia, biologia e cotidiano.
“É a brincadeira do experimento. Minha pratica artística é como uma prática de laboratório, literalmente. Eu utilizo materiais caros, baratos, comprados, achados, mas todos se conectam linguisticamente. As coisas são todas interconectadas por camadas de conhecimentos”, defende o artista.
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