Fotógrafo persegue a fé em Cuba

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O fotógrafo Leandro Taques lança nesta terça-feira (2) o livro de fotos San Lazaro – Babalú Ayê no Museu da Fotografia Cidade de Curitiba, dentro do Solar do Barão.

Junto com o lançamento, o espaço também recebe uma exposição com fotos sobre o tema, que ficará em cartaz até o dia 12 de junho.

O livro reúne 90 fotos, extraídas de um total de 4 mil imagens captadas durante as festas de San Lázaro entre os anos de 2012 e 2014, tradição religiosa do povo cubano na semana anterior ao Natal.

O auge da festa acontece no dia 17 de dezembro com uma peregrinação ao Santuário Nacional de San Lázaro, em Rincón, uma pequena vila nos arredores da capital Havana.

A lente de Taques captou a devoção extrema dos peregrinos e devotos do santo que costumam fazer sacrifícios físicos para pagar promessas ao santo.

Muitos realizam a peregrinação mesmo doentes, de joelhos ou até rastejando, os pés descalços, as mãos calejadas.

Alguns puxam pedras amarradas aos pés. Outros arrastam correntes por dias ou até semanas.

“São imagens fortes, de entrega e devoção dos peregrinos. É emocionante e ao mesmo tempo chocante ver aquele misto de satisfação e dor nas pessoas”, diz Taques.

Professor de fotografia do Centro-Europeu, Taques tem se dedicado na última década a documentar eventos de fé e devoção religiosa como a Círio de Nazaré em Belém do Pará e a romaria do Padre Cícero em Juazeiro do Norte.

Quando visitou Cuba pela primeira vez, em 2012, conheceu a peregrinação cubana e voltou em duas oportunidades para fotografar a catarse religiosa.

“A festa de San Lázaro é impressionante pois reúne gente muito diferente entre si com a mesma devoção. Você observa as faces das pessoas e consegue perceber a sinceridade absoluta daquela fé. Foi isso que eu tentei fotografar”, diz Taques.

O fotógrafo explica que a festa de San Lázaro é um momento especial do sincretismo religioso que existe na ilha de Cuba.

Para os devotos católicos, São Lázaro é o personagem leproso que aparece em uma parábola do Evangelho de São Lucas, na Bíblia.

Mas ele também é o orixá Babalú Aye, uma entidade importante dentro da religiosidade afro-cubana, considerado o “pai do mundo” e controlador da saúde do corpo.

Tanto o livro como a exposição de Taques foram bancados por um financiamento coletivo, lançado e concluído no ano passado.

“Estudei bastante o sistema e me deixei levar pelo desafio de produzir um material fotograficamente rico em imagens e viabilizá-lo em forma de livro com a ajuda das pessoas”, explica.

Para o projeto do livro, eram necessários cerca de R$ 29 mil.

Como a coleta coletiva ultrapassou os R$ 37 mil, a exposição e um evento de lançamento foram incluídas no projeto.