Julho de 1984: num Rio de Janeiro governado por Leonel Brizola, mas num Brasil cujo Congresso Nacional havia rejeitado as eleições diretas – ignorando as manifestações populares –, Marcus Lontra e outros nomes das artes visuais começaram a perceber que havia uma certa euforia nas artes, deflagrada também pelo sentimento de esperança ligado à democracia.
Ele reuniu vários nomes que conhecia no tradicional Parque Lage, que abrigava, e ainda hoje abriga, uma tradicional escola de arte. Entre eles, os então novatos Beatriz Milhazes, Leonilson, Daniel Senise, fora outros nomes que, hoje, são os maiores representantes da arte brasileira no mundo, na exposição “Como Vai Você, Geração 80?”.
A ideia de escolher o local, em pleno Jardim Botânico, foi improvisada, e acabou se tornando um grande site specific, onde os 123 artistas escolheram um canto para mostrar seus trabalhos. Marcus relembra que foi um happening no Rio de Janeiro: filas e mais filas de espectadores, com cobertura ao vivo do “Jornal Nacional”. “Não esperávamos a ressonância de público e mídia.”
Geração 80: Ousadia e Afirmação
Simões de Assis Galeria de Arte (Al. Dom Pedro II, 155 – Batel), (41) 3232-2315. Inauguração quinta-feira (18), às 19 horas. Visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 19 horas. Sábado, das 10h às 17 horas. Até 1º de agosto.
Passados 31 anos, Marcus revisita essa história na curadoria da exposição “Geração 80: Ousadia e Afirmação”, que abre nesta quinta-feira (18) em Curitiba, na Simões de Assis Galeria de Arte.
O público poderá ver obras de artistas que fazem parte da galeria, como Gonçalo Ivo e Senise, e outras buscadas pelo curador com colecionadores e com outros espaços, dos artistas Cristina Canale, Luiz Zerbini, Delson Uchôa e Barrão, além de Beatriz e Leonilson.
Os trabalhos reunidos por Marcus não são de época – a maioria deles foi feita a partir dos anos 1990, e há também obras recentes. Mesmo assim, todas elas, de acordo com o curador, representam a estética da arte brasileira construída nos anos 1980: unir a manifestação da cultura local com a sofisticação da história da arte.
É possível enxergar essa união, diz Marcus, em trabalhos como o de Beatriz Milhazes: tem a referência do bordado da renda, junto com um minucioso trabalho geométrico. Em uma grande tela de Delson Uchôa, há uma linguagem da optical art com cores que remetem ao universo nordestino.
Outros destaques são dois trabalhos do escultor carioca Barrão – segundo o curador, o artista é um dos poucos representantes da Geração 80 que trabalham com objeto e tridimensionalidade.
“A geração 80 acabou se caracterizando por uma pintura mais gestual. A ideia dessa nova mostra é abrir espaço para as várias tendências da arte brasileira”, explica.
Obra afetiva
O único trabalho do mesmo ano da mostra no Parque Lage é do pintor e desenhista Jorge Guinle (1947-1987): ele fez parte da inauguração da galeria Simões, que, aliás, também abriu em 1984. Waldir Simões, diretor do espaço, conta que foi visitar a mostra no Rio. “Foi interessante trazer essa mostra, pois também tive a vivência do que foi aquela exposição”, rememora. O trabalho de Guinle faz parte do acervo pessoal de obras do galerista. A mostra fica em cartaz até agosto.
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