Heterogêneo, mas não de uma maneira tão positiva: é assim que especialistas na área de arte definem o conjunto das obras apreendidas na operação Lava Jato, expostas no Museu Oscar Niemeyer (MON) na mostra “Obras Sob a Guarda do MON”.
Nomes como Cícero Dias, Vik Muniz e Iberê Camargo fazem parte da coleção de 48 trabalhos, dos dois primeiros lotes – outros dois estão na reserva técnica do museu, ainda sem previsão de serem expostos.
Confira algumas das obras expostas no MON
R$ 400 mil
É quanto vale uma tela de 2011 do artista Antonio Dias, segundo o diretor da Bolsa de Arte, Jones Bergamin. O artista plástico paraibano é bastante valorizado no mercado atual.
“Quando se fala em coleção, você pensa em uma linha, no gosto pessoal de quem compra. E no caso das obras da Lava Jato, não existe uma homogeneidade, longe disso”, fala a diretora do Centro de Artes da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), Juliane Fuganti. Isso não significa que a exposição seja irrelevante: para ela, vale ir até ao MON só para ver “Manequins” (1991), uma aquarela sobre papel do gaúcho Iberê Camargo, e “Galeria” (2002), tela sobre madeira de Daniel Senise, um dos destaques da “Geração 80” no Brasil.
R$ 10 mil
A coleção da Lava Jato também traz trabalhos com pouco valor de venda, como a obra “Rosas Varias”, do gravurista, pintor e desenhista Carlos Scliar
A tela de Senise, aliás, é um dos trabalhos com melhor valor de mercado, acredita o diretor da Bolsa de Arte, Jones Bergamin. “Deve custar cerca de R$ 200 mil”, diz. É o mesmo preço de “Rio de Janeiro” (2013) e “Édipo e a Esfinge” (2006), de Vik Muniz, brasileiro muito valorizado no mercado internacional – suas obras estão em acervos de museus como Tate Modern e o Victoria & Albert Museum, de Londres. “São dois trabalhos de boa qualidade”, fala Bergamin.
R$ 200 MIl
De acordo com Jones Bergamin, as fotografias de Vik Muniz e uma tela de Daniel Senise são obras de “muita qualidade” e custam essa média hoje.
O diretor da Bolsa de Arte destaca que o segundo lote da apreensão tem “melhor qualidade” do que o primeiro, com uma linha contemporânea. O fato de incluir fotografia (além de Vik, há obras de Miguel Rio Branco), aponta uma característica mais sofisticada do comprador. “A fotografia há muitas décadas é valorizada como obra de arte, mas ainda existe uma certa rejeição no Brasil. Então, mostra que a pessoa que comprou tem uma cabeça mais aberta”.
Já o primeiro lote, para Bergamin, é “pouco significativo.” Os trabalhos de Cícero Dias, por exemplo, são do fim da vida, que não é sua fase mais valorizada. As pinturas de Orlando Teruz, da década de 1970 e 80, são “desprezadas no mercado há anos”, conta. “São trabalhos que vão a R$ 15 mil e não vendem.”
Exposição
Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999), (41) 3350-4400. Terça-feira a domingo, das 10h às 18 horas. R$ 9 e R$ 4,50 (meia-entrada). Mais informações no Guia.
O trabalho de Heitor dos Prazeres, apesar de relevante artisticamente, virou quase domínio público. Por isso, o preço é baixo, diz Bergamin.
Para a galerista Zilda Fraletti, a variedade de suportes e a diversidade de nomes (que vão de Di Cavalcanti a Nelson Leirner), aponta que a coleção não é de alguém apaixonado por arte.
“Não tem uma obra alinhavada na outra, me parece que é mais pelo valor monetário mesmo. Provavelmente, o comprador foi a alguns leilões e comprou o que vale a pena, possivelmente com ajuda de um art advisor. Não é algo que emociona no todo. Só emocionam algumas obras separadamente”, acredita Zilda.
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